Livro: Antes do sol nascer Página 2

... ra a encontrar um local utilizado para enterrar lixo tóxico. Cortez a achara mais do que atraente, apesar da aparência um tanto ou quanto masculina, mas o tempo corrido e as pressões do trabalho impediram que se conhecessem melhor. Ele prometera vir a sua formatura e ali estava. Mas a diferença de idade era muito grande, porque Cortez estava com 36 anos e Phoebe tinha 23. Conhecia a tia de Phoebe, Derrie, pois trabalhara com ela durante o caso Kane Lombard. Se precisasse de um motivo para aparecer na formatura, podia alegar que Phoebe era filha do falecido irmão de Derrie e Cortez era quase um amigo da família. A voz do reitor continuava, monótona, e formando após formando recebia o diploma. Rapidamente, a movimentação terminou e gritos de alegria e parabéns subiram no limpo ar do Tennessee. Sem chamar mais atenção para si quando a multidão se dirigiu aos recém-formados, Cortez permaneceu em seu lugar, observando. Seus olhos negros se apertaram com um pensamento. Phoebe não era do tipo que gostava de multidões. Como o próprio Cortez, era uma solitária. Se fosse procurar por sua tia Derrie, faria isso afastada das demais pessoas. Então ele começou a procurar por rotas alternativas do estádio até o estacionamento. Minutos depois a encontrou, relaxando nos arredores da construção, quase perdendo o equilíbrio, atrapalhada com a toga muito longa, resmungando para si mesma sobre como as pessoas não conseguiam tirar as medidas certas para uma toga. — Ainda fala sozinha, pelo que vejo — brincou Cortez, encostando-se à parede com os braços cruzados sobre o peito. Phoebe olhou para cima e o viu. Sem que pudesse evitar, uma expressão de satisfação cruzou seu rosto, tão intensa que o deixou sem fôlego. Os olhos azul-claros cintilaram e a boca, sem batom, se abriu para inalar o ar rapidamente. — Cortez! — exclamou. Ela parecia estar prestes a correr e pular em seus braços ao menor convite e Cortez sorriu, abrindo-os gentilmente. ...

hoebe seguiu até ele sem vestígio de hesitação, aninhando-se por inteiro quando Cortez a envolveu firmemente. — Você veio — murmurou ela, alegre, em seu ombro. — Eu disse que viria — lembrou ele. Riu com o entusiasmo desabrido de Phoebe. Uma de suas mãos delgadas lhe apanhou o queixo de modo que pudesse lhe examinar os olhos. — Quatro anos de trabalho duro valeram a pena, pelo que vejo. — E como. Estou formada — disse Phoebe, sorrindo. — Diplomada — concordou Cortez. Seu olhar desceu para a rosada boca macia e escureceu. Queria avançar mais uns poucos centímetros e beijá-la, mas havia muitas razões para que não o fizesse. A mão estava no antebraço de Phoebe e, como lutava bravamente contra os instintos, seus dedos a apertavam com mais força. — Sinto muito — soltou Cortez, desculpando-se com um sorriso. — É difícil esquecer o treinamento em Quantico — acrescentou, mencionando o tempo de serviço no FBI. — Nem um beijinho, hein? — repreendeu ela, soltando um suspiro e lhe examinando os olhos escuros. Cortez fechou um dos olhos, bem-humorado. — Você é uma antropóloga formada. Diga-me por que não vou beijá-la — provocou. — Os índios americanos — começou Phoebe, convencida —, especialmente os homens, raramente demonstram seus sentimentos em público. Beijar-me diante de uma multidão seria tão desagradável para você quanto tirar a roupa nas mesmas circunstâncias. Os olhos de Cortez se amenizaram ao lhe percorrerem o rosto. — Quem quer que lhe tenha ensinado antropologia fez um belo trabalho. Ela suspirou. — Belíssimo. Mas de que vai me servir em Charleston? Vou terminar trabalhando como professora. — Não, não vai — corrigiu ele. — Uma das razões por que vim foi justamente para lhe falar de uma oportunidade de emprego. Os olhos de Phoebe se arregalaram, brilhantes. — Emprego? — Em Washington D.C. — acrescentou Cortez. — Está interessada? — Muito! — Alguém se a ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: