Livro: Desejo sagrado Página 2

... isso, eu mesmo o farei, mas tenha certeza de que nosso acordo sofrerá alterações também. Lorde Robert se voltou para a esposa e a dispensou com um aceno de cabeça. Quando ficaram sozinhos, o pai de Joanna falou novamente: — Ela aceitará tudo o que desejar, milorde, eu prometo. Não se preocupe, milorde. Terá o consentimento dela em Wynwydd. Se Braden tinha receio de que sua prometida fosse receber qualquer tratamento severo por parte dos pais, rapidamente baniu esses pensamentos da cabeça. A garota sobreviveria a uns poucos dias ajoelhada em oração, recebendo apenas pão e água — os métodos comumente aplicados às moças geniosas para que obedecessem aos desígnios dos pais. — Em Wynwydd, no fim do mês — ele disse, assentindo para o outro homem. — E o ouro, milorde? — O constrangimento de Lorde Robert era visível; as mãos tremiam e ele evitava o olhar de Braden. — O acordo foi de que eu teria uma esposa. Quando eu a tiver, de nome e fato, receberá seu ouro. Nem um segundo antes. — Ela aceitará, milorde — Lorde Robert respondeu com confiança. — Eu cuidarei dela. Lorde Robert se curvou e saiu da sala, deixando Braden sozinho com sua raiva. Ele precisava de uma esposa; o Lorde de Blackburn precisava de ouro para recuperar sua fortuna e suas terras. Era uma troca aceitável para ambas as partes, uma troca que precisava funcionar. Braden foi até a mesa e encheu um cálice com o saboroso vinho tinto oferecido pelo rei. Bebendo de um só gole, tentou aliviar sua irritação. Em poucas semanas a jovem seria levada até sua propriedade, fronteiriça ao País de Gales. Ela concordaria com o arranjo, eles se casariam e os pais dela receberiam o devido pagamento. Os boatos de que os lordes feiticeiros de Wynwydd matavam esposas e servos seriam então silenciados. E seu nome, ameaçado de desaparecer, teria continuidade. Tudo se resolveria. Tinha que se resolver. Capítulo Um Fronteira do País de Gales Abril, Ano do N ...

sso Senhor de 1201 — Corte. — Mas, milady. — Precisa fazer isso por mim, Enyd. Tenho medo de que minhas mãos tremam demais e eu corte minhas orelhas junto com os cabelos. A tentativa de Joanna em acalmar a criada com aquele gracejo não funcionou. Embora Enyd agora segurasse a tesoura, a recusa em seu rosto continuava a mesma. — Mas nunca os cortou, milady. Nunca, desde que era pequenina — Enyd disse, arrancando-a de seus pensamentos. — Não existe outra maneira? As dores retornaram e Joanna lutou contra a fraqueza que sentia. Tinha muito pouco tempo. A viagem para Wynwydd duraria apenas mais um dia, e então seu destino estaria selado. Finalmente sucumbindo às surras, dissera aos pais as palavras que tanto queriam ouvir. Com a intensidade e a freqüência dos açoites aumentando, Joanna sabia que sua teimosia em recusar o casamento acabaria por matá-la. Bem, se tivesse que morrer, ao menos escolheria quando e onde. E não seria sob as garras daquele feiticeiro, que amaldiçoaria sua alma enquanto a levava à morte. Morreria na Escócia, junto de sua irmã. Ela levou a mão ao rosto e sentiu que ficava mais quente. O tempo corria e o pequeno grupo de religiosos que seguia para o norte, voltando para o lar, partiria ao amanhecer. A mistura de ervas que recebera para aliviar a febre não estava fazendo efeito. E, pela sensação de que algo escorria por sua perna, sabia que uma ou mais feridas estavam abertas e sangravam novamente. — Enyd, se você me ama, fará isso por mim e depois irá embora. Se não souber de meus planos, meus pais não poderão culpá-la por nada. Ou torturá-la até contar alguma coisa. As lágrimas desciam pelo rosto da velha criada ao erguer a tesoura para cortar-lhe os cabelos que, intocados por 18 anos, agora pendiam numa longa trança sobre o ombro. Joanna fechou os olhos quando as lâminas afiadas encontraram os fios. Engolindo o próprio sofrimento, esperou que a criada terminasse. Enyd segurou a longa tran ...

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