Livro: O ritual do amor Página 2

... �gena? — ele perguntou surpreso. — Isso mesmo. — Nessa época do ano só vão lá as pessoas que querem assistir às cerimônias do powwow. É isso o que você chama de viajar a trabalho? — Ele deu uma risadinha irônica. — Acontece que somos modelos fotográficos e vamos tirar umas fotos para um catálogo de moda, durante o powwow. — Puxa! Que coisa mais sofisticada! A conversa começava a irritar Holly e ela sentia claramente que o homem a ridicularizava. Precisava defender-se, mas ao mesmo tempo manter a calma. — É apenas uma forma de ganhar a vida. — E, pelo visto, de ganhá-la muito bem — ele retrucou, percorrendo com os olhos o conjunto de corte impecável e a blusa de seda pura que ela vestia. — Quantos anos você tem? Vinte e cinco, vinte e seis? Grosseiro, cretino! Imagine só dizer que ela tinha vinte e seis anos. Era só o que faltava! — Não, senhor, tenho vinte e dois incompletos! — Oh, desculpe. — Ele parecia estar se divertindo cada vez mais em irritá-la. Mas Holly também estava acostumada a este tipo de situação. Era comum que, ao perceberem que seus avanços não eram correspondidos, os homens se tornassem meio agressivos. E aquele não era diferente, apesar de não estar vestido de terno e gravata como os outros passageiros e de sua atraente masculinidade superar de longe a dos demais. Olhou para seu perturbador rosto moreno e resolveu usar uma de suas táticas mais bem-sucedidas: retribuir as perguntas para evitar que ele continuasse dissecando sua vida. — Você mora em Pierre? — perguntou, para desviar a conversa e sem qualquer interesse real em saber a resposta. — Pelo amor de Deus, claro que não! — Ele pareceu contrariado por ter sido confundido com um homem da cidade. — Vou para Rapid City. Minha fazenda fica lá perto. — Ah, quer dizer que você é vaqueiro? — Holly conhecia muito bem a diferença entre um peão e um criador de gado, e era evidente que seu companheiro de viagem perte ...

cia à segunda categoria. Mas ela não ia perder aquela ótima oportunidade de vingar-se. O homem olhou-a detidamente, entendeu a provocação, mas não se deu por achado. — Pois é, isso mesmo. Uma profissão bem menos charmosa do que a sua, não é? — Não vejo o que há de tão charmoso em ficar posando com pesadas roupas de inverno, morrendo de calor, enquanto as outras pessoas andam de maiô — ela respondeu nervosa. — Bem, pelo menos serve para variar um pouco. Imagino que você deva passar bastante tempo usando bem pouca roupa. — A insinuação era direta e a atingiu em cheio. — Quantos dias vai ficar em Fox Butte? — ele perguntou, procurando disfarçar. — Só três. A resposta saiu em tom frio e distante. Aquele estranho já tinha passado dos limites e era preciso deixar-lhe claro que a conversa havia chegado ao fim. Por isso Holly ficou calada e fechou os olhos fingindo que ia dormir. Vinte e seis anos. Imagine só se ela parecia ter vinte e seis anos. É bem verdade que andava bastante abatida ultimamente, pelo excesso de trabalho. Os contratos apareciam, uns atrás dos outros, e ela não achava conveniente rejeitar nenhuma das propostas, pois nunca sabia quanto tempo iria se passar até surgir outro trabalho. A profissão de modelo era instável, sujeita a altos e baixos, e Bill precisava daquele dinheiro certo. Puxa, será que realmente estava aparentando muito mais idade do que tinha? Ainda bem que já havia decidido tirar umas férias, se é que se podiam chamar de férias aqueles dias que pretendia passar acompanhando a expedição da qual Bill faria parte. Estava incumbida de cozinhar para os participantes — sete ao todo —, e a tarefa não ia ser tão fácil assim. Mas pelo menos poderia mudar de ares e passar alguns dias em calma. Lembrava-se bem do dia em que Bill chegara eufórico com a notícia. — O professor Gray me convidou para participar de sua expedição! Holly, que acabara de chegar de uma exaustiva sessão d ...

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