Livro: Um marido para Laura
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... Charlotte Lamb Midnight Lover CAPITULO 1 Daquela altitude, a floresta tropical parecia uma enorme esteira verde-escura, cobrindo quilômetros e quilômetros. A visão, que de início parecera soberba a Laura, agora, depois de hora e meia de vôo, começava a atemorizá-la. O que faria o piloto daquele monomotor de quatro lugares caso tivesse que fazer uma aterrissagem forçada? Laura afastou o pensamento funesto. Tudo iria correr bem. Tinha que correr. - Aperte o cinto. Vamos começar a descer. À ordem do piloto, ela afivelou o cinto de segurança e sentiu enorme alívio ao divisar, lá embaixo, uma pequena pista de aterrissagem. Mas, antes de pousar, o avião deu várias voltas em círculo, a baixa altitude, fazendo farfalhar as folhas das copas das árvores. Laura fechou os olhos e agarrou-se ao assento, sentindo um suorzinho frio percorrer-lhe a espinha. O que vim fazer aqui?, perguntou a si mesma, entre assustada e furiosa. Quando as rodas tocaram o solo, o avião começou a sacudir perigosamente ao percorrer o terreno acidentado. - Muito bem. Agora pode relaxar - disse o piloto, rindo ao vê-la tão tensa. Desligou o motor e Laura livrou-se do cinto, sentindo as pernas bambas de tanto medo. - Você é a passageira mais insólita que eu já transportei, sabe? E olhe que já carreguei desde missionários até crocodilos vivos! Mas é a primeira vez que levo uma garota loira, de olhos azuis, até a missão. - Tirou os fones do ouvido e penteou os cabelos revoltos com os dedos. - Desculpe a pergunta indiscreta, mas quantos anos você tem? - Vinte - respondeu ela, sorrindo ao vê-lo menear a cabeça, com ar de inveja. - Quem me dera ter a sua idade! - Você é americano, não é, Joe? - perguntou ela cautelosamente, pois aprendera que naquelas remotas paragens não era aconselhável fazer muitas perguntas. Ele confirmou com um gesto de cabeça. - Ainda tenho um resto de sotaque de Idaho, não é mesmo? É quê, por aqui, a língua mais falad ...

é o francês e eu estou até esquecendo meu próprio idioma. Joe tinha uma fala arrastada, cabelos e olhos castanhos, pele trigueira, curtida pelo sol dos trópicos. Era difícil avaliar-lhe a idade, mas Laura calculou que tivesse quase quarenta anos. - Não sente saudades da sua pátria? - continuou ela, e, vendo-o sorrir melancolicamente, acrescentou: - E por que não volta? Antes de responder, ele olhou para o céu azul e, em seguida, pára a vegetação exuberante que cercava a pista rústica. - Essa é uma pergunta que me faço frequentemente. Mas existe alguma coisa neste lugar que enfeitiça. Vim para cá depois que os franceses devolveram o país aos nativos. Trabalhei algum tempo para o governo, mas não me dei bem. É que, no fundo, eu sempre detestei servir governos. - Sorriu, com os dentes muito brancos realçando na pele morena. - Então, comecei a voar por conta própria e aqui estou até hoje. - Você transporta muitos passageiros? - Poucos. O que mais faço são fretes para o interior, para os fazendeiros. Joe abriu a porta do avião, pulou para a asa e virou-se para ajudar Laura a descer. Ela ainda estava com as pernas bambas e teve dificuldade em equilibrar-se. Sustentou-se no braço de Joe. - Você está se sentindo bem? - perguntou ele, vendo-lhe o rosto afogueado, coberto de gotículas de suor. Laura fez que sim com a cabeça, detestando a ideia de que o piloto pudesse pensar que ela não era suficientemente forte para aventurar-se numa viagem daquelas. Fora um custo fazer com que ele aceitasse levá-la até St. Xavier. De início apenas a olhara, incrédulo, e quisera saber o que uma bela jovem iria fazer naquela inóspita região da África. Só quando Laura resolvera confidenciar-lhe alguns de seus propósitos Joe acedera, pois nem a oferta tle uma gratificação extra o havia sensibilizado. Um velho caminhão desmantelado vinha pela pista de terra batida. Joe acenou para o negro que estava à direção. - Só depois que tiverm ...

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