Livro: Sedução Diabólica
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... Venha, Rachel. Você não pode passar o Natal sozinha em Londres. Jaime não está aqui, você sabe disso. Não esperávamos que viesse, caso ele estivesse. Você sabe como Robert e eu gostaríamos de vê-la novamente, então venha, venha, venha. Rachel fechou os olhos enquanto as palavras ressoavam em sua cabeça. Liz tinha sido tão atenciosa por ocasião da morte de seu pai! Agora estava decidida a não deixá-la passar as festas de fim de ano sozinha e seria grosseria continuar recusando. Que mal havia, afinal? Liz e Robert eram ótimas pessoas e ela gostava deles. E como Jaime passava muito tempo no exterior, era natural que eles quisessem ter uma companhia jovem. Rachel suspirou e abriu os olhos novamente, quando as luzes de Durham surgiram na escuridão enevoada à frente do trem. Só mais alguns quilômetros e chegaria a Newcastle, o seu destino. Talvez fosse melhor não ter vindo, disse para si mesma. Aquela era a casa de Jaime, ou melhor, dos pais dele. Bem, eles a haviam tratado mais como uma amiga da família do que como a. o quê? Rachel comprimiu os lábios. Secretária do filho deles? Namorada? Amante? Um arrepio percorreu seu corpo. Fosse o que fosse, ela já não significava mais nada para Jaime! Como poderia, então, conversar com os pais dele como costumava fazer? Como poderia discutir seus planos para um futuro em que eles não estavam incluídos? Era uma situação realmente constrangedora. Tentando afastar a melancolia, Rachel endireitou-se no banco e, abrindo a bolsa, pegou o estojo de maquilagem. Como o compartimento do trem estava quase vazio, abriu-o e olhou-se no espelho. Precisava passar batom outra vez, apesar das três horas e meia de viagem não terem mudado muito a sua aparência. Seus cabelos eram loiros e lisos e usava-os repartidos ao meio; as maçãs do rosto eram levemente proeminentes, o nariz firme e reto, a boca grande e os lábios sensuais. Mas há muito tempo não acreditava mais em sua beleza. Deixou de se sentir atrae ...

te quando Jaime provou que isso de nada adiantava e, embora ainda chamasse a atenção dos homens em qualquer lugar que fosse, tinha aprendido a mantê-los a distância. O trem passou lentamente pela estação de Durham sem parar, depois aumentou de novo a velocidade. Estava frio, apesar do aquecimento ligado. Fazia muito tempo já que Jaime a levara pela primeira vez a Clere Heights e a apresentara à sua família. Mesmo assim, Rachel se lembrava da umidade do ar e do som do vento assobiando em volta dos beirais da casa e do barulho das ondas quebrando nas rochas. Clere Heights tinha sido construída à beira do mar do Norte, conhecido por suas correntes imprevisíveis. O quarto de Jaime ficava nos fundos da casa de frente para a baía, que no verão chegava a ser calma e azul como o Mediterrâneo. Não era fácil afastar essas lembranças. Tudo faz parte do passado, disse Rachel a si mesma, impaciente. Mas mesmo assim ainda se sentia ferida. Claro que os pais dele sabiam de tudo, mas Rachel não os culpava. Eles não eram responsáveis pelo comportamento do filho, e a amizade que nascera entre os Shard e ela havia sobrevivido, apesar do que acontecera. Quando o trem parou na plataforma, Rachel pegou sua mala e carregou-a com esforço até a porta do vagão. Imaginava que o pai de Jaime tivesse vindo buscá-la e, dispensando os serviços oferecidos por um jovem carregador, dirigiu-se o mais rápido que pôde para a roleta de saída. Entretanto, não havia sinal de Robert Shard no meio das pessoas que aguardavam a chegada do trem. Alto como o filho, cabelos grisalhos, Rachel o teria visto logo. — Rachel! Rachel, estou aqui! Ela estava guardando na bolsa a passagem que lhe fora devolvida e, ao olhar à sua volta procurando por quem a chamava, não viu o pai de Jaime, mas a mãe dele correndo na sua direção, com o rosto corado e um sorriso nos lábios. — Oh, minha querida, eu estava com tanto medo de chegar atrasada! — Elizabeth Shard abraçou-a e be ...

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