Livro: Confissões de uma Amante Página 3

... a barra de seu vestido de noite. Chegara a pensar na possibilidade de usar um conjunto de calça e blazer pretos, mas acabara optando por um visual mais feminino conforme sua mãe sempre lhe aconselhara a fazer, dizendo que era o que lhe caía melhor. O tom pêssego da roupa complementava as longas madeixas loiras castanho-douradas, e não competia de maneira alguma com as últimas sardas leves e superficiais que se recusavam a dei¬xar seu nariz e ombros. Anita Prince dizia que elas faziam a filha brilhar como um anjo. Jamais entendera o fato de Celeste não querer brilhar tanto assim. O pai de Celeste fechou a porta do escritório assim que eles chegaram ao cômodo repleto de arquivos. Conduziu-a até a sua mesa e, então, fixou os olhos nos dela. — Daqui a dez minutos, eu farei uma importante decla¬ração. Pensei muito antes de tomar essa decisão. Celeste tentou conter a sua crescente empolgação. — Tenho certeza de que sim. — A Prince Landscape Maintenance cresceu muito e se transformou numa empresa enorme. Muitos funcionários para coordenar. Matriz e franquias subordinadas que preci-sam ser constantemente monitoradas. Aquele que estiver em seu comando terá que se envolver em todos os níveis do negócio e não pode se recusar a dirigir uma caminhonete ou podar uma árvore. Embora assentisse Celeste torceu os dedos em suas san¬dálias prateadas de salto alto. Não tinha a intenção de botar a mão na massa daquele jeito. Um grande assistente pode¬ria lidar com esse tipo de trabalho pesado no dia a dia. Ela pretendia investir o seu tempo diversificando os investi¬mentos, associando-se a uma rede de floricultores que lhe forneceriam material somente para os eventos mais impor¬tantes, como casamentos de celebridades e festas de gala. Queria que aquela nova seção fosse exclusiva, aclamada e requisitada pela elite. Seria a sua contribuição pessoal para o desenvolvimento da empresa. Sob a sua liderança, a Prince Landscape Maintenance alça ...

ia vôos ainda mais altos. Seu pai cruzou os braços. — Ainda precisamos assinar alguns documentos, mas eu convidei o Sr. Scott para passar alguns dias conosco a fim de ajudá-lo em sua ambientação. O sorriso de Celeste murchou. — Quem é o Sr. Scott? Seria um novo contador? Das últimas vezes em que ha¬via visitado o seu pai no escritório de casa, de onde ele di¬rigia os negócios, Celeste sempre o encontrara debruçado sobre os livros de contabilidade, com o rosto mais marcado do que nunca. E não apenas pelos anos passados sob o sol. Ele já estava com 65 anos de idade e precisava relaxar e deixar o trabalho duro para ela. — O Sr. Scott obteve um crescimento financeiro meteó¬rico nestes últimos cinco anos — prosseguiu o seu pai. — Ele se mostrou interessado em comprar a Prince Landscape Maintenance. Achei que você deveria conhecê-lo antes de eu me dirigir aos convidados e contar a notícia a eles. As paredes forradas de mogno pareceram girar e as per¬nas de Celeste ameaçaram fraquejar. Tentando conter o frio que sentia em sua barriga, ela se forçou a proferir as pala-vras indigestas que estavam na ponta de sua língua. — Você quer vender a nossa empresa a um desconhecido? Celeste foi tomada por um impulso assustador de agarrar o seu pai pelas lapelas do smoking, sacudi-lo e gritar: "Não faça isso. Você não pode fazer isso!", mas já havia aprendi¬do muito tempo atrás, que tais explosões emocionais não levavam a nada. Da última vez em que agira dessa maneira, fora enviada a um internato. Ainda bem que conhecera Brooke por lá. Seu pai continuava a falar sobre a "oferta generosa", dizendo que "tudo havia funcionado muito bem". Celes¬te, porém, só conseguia pensar em como sempre fizera exatamente aquilo que se esperava dela. Tinha se saído muito bem na escola, até mesmo na maldita matemática, e jamais causara maiores problemas enquanto estava nos bastidores, à espera de sua deixa para finalmente entrar em cena. Co ...

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