Livro: Confissões de uma Amante Página 2

... seu pai quanto a sua mãe se orgulhassem dela. Nada era mais im¬portante do que aquilo. Nem mesmo conhecer aquele sonho de homem, alto, moreno e delicioso. Celeste se contorceu e arriscou olhar uma vez mais na direção dele, os olhos semicerrados. O desconhecido estava apoiado contra o batente das por¬tas duplas que davam para os belos jardins da mansão. Ele enfiou a mão no bolso de sua calça e dobrou a perna esquer¬da, ressaltando ainda mais aqueles ombros magníficos en¬voltos num smoking branco, naquela pose casual, parecen¬do extremamente autoconfiante. Sua beleza era rústica, mas refinada ao mesmo tempo. Grande e musculoso, vesti¬do com um Armani clássico. Seus olhos, no entanto, eram o que mais a haviam encan¬tado. Duas piscinas sedutoras de uma luz azul vibrante. Cativantes. Cientes de seu poder. E sorrindo diretamente para os dela. Celeste sentiu um arrepio intenso percorrer toda a sua pele e se virou outra vez. Ainda podia sentir o seu olhar quente acariciando as suas costas, afagando os seus braços, baixando as tiras de seda dos seus ombros e fazendo com que o seu vestido caísse ao chão. Brooke chegou ainda mais perto. — Quem você acha que ele é? Celeste tomou um gole de champanhe gelado e sentiu sua garganta secar repentinamente. — Não sei — respondeu ela — e nem quero saber: Tinha que se concentrar em conseguir proferir o seu dis¬curso de posse sem deixar que as suas bochechas se trans-formassem em duas tochas incandescentes, e sem que a sua língua começasse a travar. A "Celeste gaga" de antigamente raramente dava o ar de sua graça atualmente. Depois de ter passado por anos de tormento no primário, ela aprendera a desacelerar, pensar antes de falar, e conseguia se sair bem na maioria das situações, mesmo em ocasiões tão decisivas quanto a daquela noite. Brooke arqueou uma sobrancelha. — Ah, não quer saber, é? — disse ela com um braço cruzado sob o corpete escarlate de seu vestido, aproximan¬do a ...

aça de champanhe de seu rosto. — Nós freqüentamos o ginásio juntas e viajamos por toda a Europa com uma mochila nas costas. Jamais vi você ser tão cautelosa assim com relação a um homem. Celeste não pôde conter um sorriso. — Vamos encarar os fatos. Ele não é um homem qualquer. Sentindo-se atraída por ele mais uma vez, Celeste olhou na sua direção disfarçadamente. Como um assassino de aluguel, frio e calculista, o desconhecido estava, agora, ve¬rificando compenetradamente o lugar, investigando o terri¬tório, avaliando seus alvos. Possuía um ar de calculada in¬diferença, mas Celeste sentia a estranha sensação de que ele tinha consciência de tudo o que estava acontecendo por lá. Especialmente do pulsar ritmado e estimulante entre as suas. — Celeste, preciso falar com você em particular. Com o coração aos pulos, ela se virou e viu o rosto sério e bronzeado de seu pai olhando para ela. Ele conversara com ela a respeito do futuro da empresa quando ela havia chegado, naquela tarde, dando a entender mais uma vez que estava prestes a se aposentar e avaliando sutilmente as aspirações dela no tocante à companhia. Esta¬va feliz dirigindo a loja de bolsas e acessórios em Sidney que ela abrira naquele ano? Gostaria de fazer algo mais im¬portante? Celeste havia respondido que suas margens de lucro eram bastante boas, e que sim, estava definitivamente pronta para assumir algo novo. Seu pai não fora muito prolixo, mas ti¬nha deixado claro que queria se certificar de que havia to¬mado a decisão certa antes de fazer o grande anúncio que já vinha preparando havia meses. Em breve, todo o salão esta¬ria brindando à nova diretora-geral da empresa. Celeste Ann Prince. Notando que o seu desconhecido desaparecera em meio à multidão, ela pediu licença a Brooke e acompanhou o pai por um amplo corredor. Ao passar pela imagem etérea do retrato de sua mãe, Celeste pôde ouvir mais claramente o farfalhar dos cristais que enfeitavam ...

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