Livro: Como conquistar um conde Página 2

... stidos de luto e trocado o minúsculo vilarejo na Cornualha pelos elegantes salões de Londres. Sua madrinha, lady Upperton, na ânsia de ver as três afilhadas devidamente comprometidas, havia administrado suas agendas, submetendo-as a uma interminável série de bailes e saraus musicais. Anne não era nenhuma tola. Tinha percebido de imediato a importância de desfilar sob aqueles narizes empinados da sociedade. Era uma forma de se livrar do escrutínio e dos comentários que suas irmãs suportavam graças à suspeita do escândalo que envolvia as trigêmeas Royle: um parentesco com o rei. Naquela noite não seria diferente. Enquanto ela e a irmã, Elizabeth, se enfeitavam para a festa mais concorrida dos últimos tempos, Anne literalmente rezava por permanecer invisível. Pois, nas horas seguintes, sua vida e a das irmãs dependeria disso. Solar MacLaren, Cockspur Street, Três horas depois: — Oh, Anne, como você é exagerada! — Elizabeth riu e abanou o leque rendado como se pudesse espantar o estapafúrdio comentário da irmã. — Estou dizendo! Posso caminhar no meio dessa multidão toda e escutar qualquer conversa sem que ninguém me note. Ninguém. — Pode fazer isso agora? — Elizabeth arqueou uma sobrancelha. — Sem ninguém perceber a sua presença? — Ninguém — confirmou Anne, empinando o nariz com admirável segurança. — Essa é muito boa. Pode até ser competente nessa coisa, mas não é transparente como pensa. Anne soltou um longo suspiro. Por que perdia tempo tentando se explicar para Elizabeth? A irmã jamais a entenderia. A verdade era que aquele seu talento não significava muito em comparação às aptidões das outras duas gêmeas. Que outra explicação haveria para aquela falta de interesse das pessoas? Fisicamente, deveria se destacar entre as jovens da alta sociedade. Afinal de contas, era tão alta quanto um homem. Não fora contemplada, no entanto, com a farta cabeleira cor de ébano da mais velha das trigêm ...

as, Mary; ou com os cachos acobreados de Elizabeth, que nascera logo depois dela. Suas madeixas eram tão claras quanto fibra de linho. Possuía feições delicadas ao extremo, muito pouco marcantes, e a pele tão branca quanto marfim polido. Não era à toa que às vezes tinha a certeza de que, se ficasse contra uma parede usando um vestido creme como o daquela noite, ninguém poderia enxergá-la. Tamborilou um dedo sobre os lábios, pensativa. Talvez pudesse testar sua teoria. Por que não?, sorriu para si mesma. Tal proeza, capaz de ser realizada em dois segundos, podia ser a salvação da pátria, caso precisasse fazer uma retirada estratégica. De fato, talvez fosse mais prudente exercitar suas habilidades naquele exato momento, antes que. Bem, antes que fosse obrigada a entrar em ação. Sim. Era exatamente isso o que devia fazer. Voltou-se para Elizabeth com um sorriso brejeiro nos lábios. — Aposto que consigo atravessar este salão e tomar os copos vazios das mãos dos convidados sem que eles se dêem conta. E ainda deixá-los sem saber o que aconteceu. — Claro que não! — Elizabeth riu, perplexa. — Só pode estar de brincadeira, Anne. Conheço você. Não sou mais a irmã boboca que acredita em tudo que fala. — Está duvidando, então? Será que um dia vai aprender? — Anne apanhou com decisão a mão enluvada da irmã e depositou nela o leque. — Segure para mim. Preciso estar com ambas as mãos livres. Assista a isso, maninha. E se prepare para me dar os parabéns depois. Laird Allan, o mais novo conde MacLaren, abriu as portas envidraçadas e deu um tapinha no generoso traseiro de sua companheira, incitando-a a adentrar o corredor escuro. Apenas uma vela bruxuleava na passagem estreita: luz o bastante para guiar os criados contratados especialmente para aquela noite. A penumbra, entretanto, servia bem a seus propósitos. — Quando a verei novamente. hã. milady? — Céus, MacLaren, nem sequer sabe meu nome! — A mulher b ...

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