Livro: Uma chantagem para amar Página 2

... via ido deitar-se para tentar fugir daquela terrível enxaqueca. Teria voltado? A porta abriu-se violentamente, tornando à dor ainda mais inlensa, e a luz forte do quarto a fez fechar os olhos. — Greg? — Mas o que.? Incapaz de reconhecer a voz, Fernanda protegeu os olhos com as mãos e fitou o desconhecido. — Quem é você? — perguntou com dificuldade, contendo o medo e examinando o homem alto e moreno que aproxima¬va-se do guarda-roupas. — Sinto desapontá-la, meu bem, mas não sou Greg. E quem devia estar fazendo perguntas era eu. Seu namorado deve ter voltado para os braços da esposa, e a diversão acabou, porque o dono da casa está de volta, exausto e ansioso por uma boa noite de sono. Vou tomar um banho e, quando voltar, quero encontrar meu apartamento vazio. Fernanda encolheu-se ao ouvi-lo mencionar o estado civil de Greg, do qual tomara conhecimento algumas horas antes, e compreendeu que o desconhecido a julgava mais nova do que era, graças ao rosto em forma de coração e ao nariz ar¬rebitado que tanto odiava. Com esforço, focalizou o recém chegado e notou a força do perfil bem-feito e a impaciência estampada no rosto moreno. Ele havia tirado a camisa, revelando o peito musculoso e bron¬zeado. Vencendo a impressão causada por aquela visão, ela perguntou: — Você é o dono deste apartamento? Ao tentar sentar-se na cama, Fernanda foi dominada pela náusea e teve de correr para o banheiro. Surpreso, o desconhecido comentou: — Que festa! Além de usarem minha cama, parece que andaram examinando o conteúdo do meu bar, não é? Ele pensava que havia bebido! Pálida, tentou dizer que estava enganado, mas sentia frio e batia os dentes, o que a impossibilitava de falar. Desesperada, percebeu que vestia apenas as roupas íntimas, pois tirara a calça e a camisa antes de deitar-se, temendo amarrotá-las. E agora aquele sujeito queria que fosse embora, no meio da noite! Tonta, abaixou-se ao lado do vaso sanitário e segurou a cab ...

ça com as mãos. Sentiu que ele colocava algo sobre seus ombros, o robe que tirara do armário pouco antes, e foi incapaz de resistir à força das mãos que a seguravam pelos braços e a faziam erguer-se. — Que estado lamentável! — censurou ele, enquanto a le¬vava de volta para o quarto. — E melhor dormir um pouco. Vai acordar com uma dor de cabeça terrível, mocinha. E, mes¬mo assim, vai ter de voltar para casa amanhã bem cedo, en¬tendeu? — Perfeitamente — resmungou Fernanda, aninhando-se na cama e odiando ter de aceitar a hospitalidade daquele homem. Tentou tirar o robe, mas ele impediu. — Fique com ele. Está precisando disso mais do que eu. Enjoada demais para explicar-se, viu que ele voltava a exa¬minar o guarda-roupas e lembrou-se do que Greg havia dito. O dono da casa era seu amigo, e costumava hospedá-lo sempre que ia a Londres. Desta vez teria de ficar sozinho, pois ele havia partido numa viagem de negócios. — Você. não devia estar aqui — disse com dificuldade. — Se eu fosse Greg, também me poria para fora? Todos os hóspedes são jogados na rua quando o dono do castelo chega e quer usar sua cama? Ele virou-se e cravou os olhos em seu rosto pálido: — Nós combinamos que Greg podia hospedar-se aqui so¬zinho. Eu não disse que ele podia usar meu apartamento para encobrir seus romances extraconjugais, ou para abrigar a pri¬meira ordinária que encontrasse na rua. — Ordinária. Se estivesse melhor, teria esbofeteado aquele sujeito arro¬gante e grosseiro, mas no estado em que se encontrava, era incapaz até de responder. Aliviada, viu que ele apagava a luz e saía, fechando a porta atrás de si. Encolhida sob as cobertas, tremendo de frio e enjoada, Fer¬nanda lembrou-se de Greg, do homem que julgara seu amigo até aquela noite, quando descobrira suas verdadeiras intenções. Fora ele quem, seis meses antes, a avisara sobre a vaga numa grande agência de publicidade, com a qual ele mantinha boas relações. El ...

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