Livro: Uma Proposta Indecorosa Página 2

... �o queria antagonizar nenhuma das jovens alunas. Os pais delas, na maioria, eram ricos e influentes, e a sra. Guarding, a fundadora e diretora da Academia Guarding para Garotas, dependia do que eles pagavam pelo estudo das filhas para se manter. Por aquela única razão, já era fato de aceitação geral que, em situações difíceis, era melhor evitar confrontos e agir com o máximo de cordialidade e diplomacia possível. Aquela norma em particular, porém, nem sempre pareceu certa a Desirée, especialmente quando tinha de aplicá-la a uma jovem problemática como Elizabeth Perry. Achava extremamente difícil ter sua autoridade questionada por uma garota mimada que jamais pro¬feriria uma única palavra em latim. ou possivelmente nem sequer uma frase inteligente no próprio idioma. uma vez que tivesse concluído os estudos. — Eu diria que não deixa de ter sua razão, srta. Perry — respondeu, enfim. — Provavelmente, ninguém esperará que você incremente a fala do seu dia-a-dia com citações em latim, nem que impressione seu futuro marido com algum conhecimento sobre o significado e sutilezas delas. Entretanto, por causa da riqueza da língua e da percepção que nos dá a respeito das nuan¬ças do nosso próprio idioma, achamos que a inclusão do latim no currículo da academia Guarding não apenas é necessária, mas vital. Portanto, sugiro que, se não aprecia a oportunidade que lhe foi dada de aprender a língua, você ao menos possa ter a cortesia de se manter em silêncio para que as outras garotas possam fazê-lo. Desirée não elevara a voz. Sabia, por experiência própria, que perder o controle era colocar-se em desvantagem, e que, dependendo da ocasião, uma reprimenda sutil podia ser eficaz o bastante. Mas quando Elizabeth Perry levantou-se abruptamente e lançou-lhe um olhar furioso, ela soube que o resultado fora o mesmo. Obviamente, a filha do visconde de Perry não estava acostumada a que lhe falassem daquela maneira, e com certeza não ...

esperara de uma pessoa a quem considerava inferior em todos os aspectos. — Não ficarei aqui para ser tratada assim — declarou a jovem com indignação. — Falarei com meu pai a seu respeito ainda hoje, srta. Nash. Espere e verá! Com aquilo, ela reuniu suas coisas e deixou a sala tempestuosamente. Um silêncio carregado de perplexidade seguiu-se à sua saída. As onze garotas restantes entreolharam-se, enquanto Desirée aguardava pacientemente que o som dos passos da srta. Perry se desvanecesse na distância. Quando aquilo aconteceu, começou a sorrir devagar. — O grande filósofo Ovídio uma vez disse: rident stolidi verba Latina. Alguma de vocês sabe o que isso quer dizer? — Diante dos sorrisos significativos que apareceram no rosto de algumas das garotas mais velhas, ela meneou a cabeça. — Exatamente. Apenas tolos riem do latim. Agora, srta. Chisham, tente passar a seguinte frase para o latim: a paciência é uma virtude. A classe logo voltou à rotina normal, a explosão de raiva da srta. Perry anuviou. Mas Desirée não era ingênua a ponto de acreditar que o assunto estava encerrado. Não tinha dúvida de que a jovem contaria ao pai o que acontecera naquele dia. Nem de que, por sua vez, ele falaria com a sra. Guarding. Como resultado, a diretora a chamaria para uma reunião, na qual a lembraria gentilmente da importância do tato e da diplomacia quando lidasse com algumas das alunas mais difíceis da academia. Mas, uma vez que a sra. Guarding também já a elogiara acerca de suas habilidades como professora e sua inabalável dedicação à academia, Desirée não via razão para urna preocupação excessiva com o pequeno incidente. Já era fato que a rebelde Elizabeth Perry era uma pedra no sapato de muitas das professoras. Ghislaine de Champiain, a professora de francês, deparara com a mesma falta de cooperação durante uma conjugação de verbos. E a pobre Henriette Mason, que lecionava história e geografia, quase fora reduzida às l ...

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