Livro: Alucinante Suspeita Página 2

... mera coincidência que ele escolhera aquela hora da manhã para estar às voltas com a moto. Disfarçadamente, como quem não quer nada, Eric olhou-a de alto a baixo, reparando cada detalhe da figura sedutora. Ninguém podia negar que se tratava de uma mulher de ex- tremo bom-gosto e mesmo vestida de maneira simples, tinha o porte de uma rainha. Aliás, chegara a essa conclusão desde que a vira pela primeira vez, há exatos sete dias, quando se mudara para um apartamento de solteiro no bairro, com o único objetivo de levar adiante a missão que se auto-impusera. Não fora difícil concluir que vigiar Christina era a única coisa agradável dentro daquela história toda de trabalhar incógnito. Eric sempre se considerara um excelente profissional, talvez porque gostasse de ser policial. A paixão pela carreira estava no sangue. Gerações de Wolfe haviam servido ao país, lutando pelo cumprimento da lei, de um modo ou de outro. O terceiro dentre quatro irmãos, todos dedicados à mesma profissão, ele fora o único a seguir os passos do pai, entrando para a polícia de Filadélfia. Depois de seu pai ter sido morto em ação, pedira transferência para o departamento de narcóticos, apresentando-se como voluntário para o serviço de espionagem. Só que dessa vez trabalhava por conta própria, pois ofi¬cialmente estava de férias. Resolvera tirar um mês de folga, ao qual tinha direito, depois de um de seus informantes ter lhe dado uma notícia que quase o fizera subir pelas paredes de tanta raiva. O informante afirmara que nos últimos dias, no submundo das drogas, as conversas costumavam girar em torno de um casal de traficantes, aparentemente gente comum da classe média, que usava a própria casa, distante alguns minutos do centro, para realizar compra e venda do "material". Apesar de importante, aquela informação não funcionara como a gota d\'água capaz de motivar Eric a, agir e sim o detalhe de que o homem que matara seu pai era freguês do tal cas ...

l. Sim, ele queria vingança a qualquer preço e não estava disposto a ter seus métodos questionados pelo departamento de polícia. Consciente de que corria o risco de ser demitido sumariamente caso estragasse tudo, achara melhor entrar de férias e trabalhar à sua maneira. Assim resolvera mu¬dar-se para a região da cidade onde viviam os suspeitos e levar o plano adiante. Já fazia uma semana que mantinha Christina sob vigi¬lância constante. Para aparentar naturalidade, costumava passar algumas horas ao ar livre, sempre às voltas com e conserto da moto. Embora cumprimentasse os vizinhos, ain¬da não tivera oportunidade de abordá-la; Mas hoje era o dia. Eric limpou as mãos de graxa num pano e levantou-se na altura de seus um metro e noventa e oito de altura, um sorriso charmoso nos lábios. — Bom dia — falou, ao vê-la se aproximar. Pega de surpresa, talvez pelo som profundo da voz masculina, Christina parou. — Ah. bom dia. — ela respondeu sorrindo tímida. — Dia bonito hoje. Um pouco quente para novembro. — Sim. hã. é verdade. — Christina recomeçou a andar. — Quer uma carona? Acho que finalmente consegui re¬solver o problema aqui. — Ele apontou para a moto. -¬Estou indo para a cidade agora. Christina deu urna olhada nas próprias roupas, calça cinza de lã e jaqueta da mesma cor, e depois para a Harley negra e prata. — Ah. acho que não, obrigada. - A moto está limpinha, brilhando. Também tenho um capacete extra. Não, obrigada. Eu. — Lá se vai seu ônibus. — Eric apontou para a esquina e sorriu. — Sinto muito, mas tenho a impressão que você acabou de perdê-lo. Quanto tempo de espera até que passe o próximo? — Uma meia hora mais ou menos. — Meu oferecimento continua de pé — ele falou se es¬forçando para disfarçar a expectativa. Vários segundos se passaram antes que Christina se de¬cidisse. - OK, aceito. Obrigada. - Vou pegar o outro capacete. Volto num minuto. Uma motocicleta. Reprim ...

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