Livro: Amante Por Seis Meses Página 2

... no de grife com a mesma natura¬lidade que adolescentes usavam calça jeans e camiseta. Entrou no cômodo como se fosse o dono do escritório. Segurou a respiração, desejando por um minuto não achá-lo tão atraente. Mas sempre achava. E era pro¬vavelmente por isso que estava na posição em que se encontrava: com um débito que não fazia idéia se po¬deria pagar. A porta se fechou firmemente atrás dele, mas ela mal percebeu. Em vez disso, tentou, ignorar o perfume pi¬cante do pós-barba e o jeito como seus olhos azuis a observavam. Era seu demônio. O homem para o qual vendera a alma. E estava ali para buscá-la. Cruzou os dedos, tentando desesperadamente acreditar que não estava assustada com um homem de 1,88 m de altura. Mas estava. — Olá, Bella. A voz era profunda e determinada. Tinham conversa¬do por telefone incontáveis vezes, e, ainda assim, a voz dele sempre enviava sinais de tensão por meio das veias. — Jeremy — disse e depois se lembrou de uma im¬portante lição que sua mãe ensinara. Nunca deixe que vejam você transpirar. Claro que a mãe se referia ao grupo de pessoas ricas de Palm Beach do qual um dia tinham feito parte, mas imaginou que a mesma regra se aplicava a um bilionário sexy. — Por favor, sente-se. Entrou ainda mais na sala, sentando-se em uma das cadeiras para convidados. Ela se afundou em sua própria poltrona de couro, abrindo a gaveta central da mesa e tocando na preciosa caneta de grife que tinha sido de sua mãe, e que agora era sua como um amuleto. Esfregou os dedos sobre a caneta antes de tirá-la da gaveta e colocar na mesa. — O que posso fazer por você? — perguntou com cui¬dado. Talvez pudesse estar ali por outra razão. Talvez quisesse que ela cuidasse de um evento de sua compa¬nhia ou a festa anual da família dele no Dia da Independência. — Acho que sabe. Bella suspirou. Não era um evento afinal. — Tempo esgotado. Ele riu, preenchendo o cômodo com um som rico, e, por um momento, el ...

esqueceu o medo. Esqueceu que era culpa sua o fato de ele ter o controle da situação. — Esperava que o tempo aliviasse seus medos. — Não estou com medo de você — disse muito cons¬ciente de que suas palavras eram mentirosas. Não se importava se Jeremy sabia disso. Havia pas¬sado grande parte da vida lidando com pessoas das quais sentia medo, desde que seu pai morrera quando tinha 14 anos, e a família recebera a notícia de que toda a fortuna acabara. Aprendeu a lidar com o medo de ser ridicularizada pelas mesmas pessoas que um dia cha¬mara de amigos. Encarou o medo novamente quando a mãe morreu quatro anos mais tarde e recaiu nela a responsabilidade de criar o irmão, Dare, de 14 anos. Conhecera o medo real. O medo de não sobreviver, e nunca admitiria isso em voz alta. Ergueu uma sobrancelha. Um gesto arrogante que combinava muito bem com ele. Ela forçou um sorriso. — Dare ainda está na faculdade. — A formatura é no final do verão. E já tem um em¬prego na Fidelity que começa no outono. — Como sabe? — perguntou ela. O irmão ligara na¬quela tarde com a notícia do emprego. Então soube que precisava telefonar para Jeremy para dizer que, agora, estava pronta para cumprir sua parte do acordo. — Disse para você que o futuro do seu irmão estava garantido. — Pensei que se referia à bolsa de estudos. — Mas sus¬peitava que ele havia feito mais. O irmão mencionou algumas vezes que Jeremy o visitara no colégio. Ele balançou a cabeça. — Não estou aqui para discutir a respeito de Dare. Não, claro que não. Estava ali para discutir a respei¬to dela e do contrato que assinara três anos antes. Um contrato em que concordara ser sua amante durante seis meses, como retribuição ao favor que fizera por ela e pelo irmão. — Então, começa esta noite? — perguntou. Por três anos, esperara Bella ficar livre das obrigações com o irmão. Por três anos, encontrara-o a cada três meses para afirmar que o acordo ...

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