Livro: A noiva do cavaleiro Página 2

... para alcançar o paraíso, esta era a de Tavish Ellerby. Tudo ao sul de Stirling estava em cinzas. Ele rezava para que o castelo de Tavish, no meio de Cheviot Hills, estivesse fora do caminho dos dois exércitos. O que os ingleses não haviam devastado nas últimas semanas, Robert the Bruce tratara de fazê-lo, para manter seus inimigos famintos e sem abrigo. Agora, embora hou¬vessem vencido a batalha, inúmeros escoceses sofre¬riam o mesmo destino. Com a mão tremendo e os dedos fracos, Tavish se¬gurou o braço de Alan. — Você me levará para casa? Me enterrará apropria¬damente, sob uma lápide? Não deixe Honor me ver pri¬meiro. Não deste jeito. Você promete? — Prometo. Eu recuperei sua perna, e juro por Deus que vou levá-la conosco. Tavish soltou uma débil risada. — Trate de me deixar inteiro para o enterro, está bem? — Seus olhos se fecharam novamente, e Tavish estremeceu. — Alan, diga para a minha Honor. que foi melhor assim. Diga para ela o quanto eu a. amava. — Ela vai saber, Tav. Juro que eu proclamarei o seu amor como se fosse um trovador. Quando ela estiver bem velha, e se recordar do que eu disse, vai chorar e. Tav? Tavishl — Alan suspirou pesadamente. Sentiu lá¬grimas escorrendo pela sua face. — Ah, Tav, meu ami¬go. Se ao menos Honor pudesse tê-lo visto sorrindo as¬sim. Ele fitou demoradamente os vazios olhos azuis, an¬tes de, por fim, fechar as pálpebras do amigo. Capítulo Um Castelo Byelough 28 de junho de 1314 — Eu vi a morte no olhar dele, Milady. Lord Hume jamais aceitará o casamento. E que Deus a ajude se o Conde de Trouville acabar se envolvendo. Lady Honor Ellerby lutou contra a onda alarmante que ameaçou tomar conta dela diante das palavras do mensageiro. Precisava permanecer calma e ponderar o que fazer a seguir. Será que seu pai seria capaz de encontrá-la neste castelo fronteiriço pouco conhecido? Será que ele se lembrará de sua afabilidade para com Tavish Ellerby, quand ...

os dois se conheceram na corte francesa? Neste caso, ele com certeza adivinharia para onde ela fugira. Como mais de um ano já se passara, Honor começara a ter esperanças de que ele havia desistido da busca. De¬via saber que isso não poderia ser verdade, visto que ela era sua única herdeira. Se Tavish não conseguisse rechaçar as forças de Hume, ela poderia ser forçada a retornar com ele. Seu casamento com certeza seria anulado. Afinal, ela havia roubado e alterado os documentos que o pai preparara, nomeando o Conde de Trouville seu prometido. Mesmo agora, bastava ela pensar naquele homem para estremecer. Trouville viera à casa de seu pai, menos de três dias após a morte de sua segunda esposa, para exigir a mão de Honor. Depois de passar quase uma semana tranca¬da sem comida e com pouca água, Honor relutantemen¬te assinara os contratos que seu pai providenciara. Do seu ponto de vista, isso com certeza representava coerção e não poderia ser lícito. Mas desde quando parentes do rei precisam respeitar as leis? Se o Conde conseguira escapar impune de assassinato, porque haveria de temer punição por um mero casamento à força? Como a inteligência era sua única arma de defesa, Honor ima¬ginara uma forma de escapar da união. Tavish jamais teria se casado com ela se não acredi¬tasse que possuía a aprovação do pai dela, então ela trouxe as cópias do pai dos contratos assinados, subtraídos, é claro, do nome do Conde de Trouville. Uma cuidadosa raspagem do pergaminho tratara de apagá-lo, assim como a referência à propriedade que Hume iria receber do Conde em troca dela. Honor inserira al¬guma tolice sobre a felicidade da filha ser o suficiente para satisfazer o pai. Depois vendera suas jóias para obter o dote mencionado. Muito bem planejado, mas ainda assim um plano ex¬tremamente perigoso. As conseqüências poderiam ser fatais se o pai e o poderoso Conde recuperassem o controle de sua vida. Deveria ter confessado o delito a Tavi ...

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