Livro: Harém Página 3

... ma grande secura. Jessica moveu a cabeça decepcionada. Não lhe interessava um boletim meteorológico. Como poderia fazer compreender Charles as visões que tinha, as esperanças e as imagens que acariciava em relação à excitante vida que tinham diante deles? Como é que ele não via todas as apaixonantes possibilidades? Pareciam muito evidentes. -Refiro às pessoas - disse devagar-. Diga-me como são. -As mulheres vão sempre com o rosto coberto - explicou Charles vacilante, sem saber muito bem o que ela queria-. Os homens levam. -Não me importa o que levam. O que quero é saber como são. É tudo muito exótico? Há verdadeiros dervixes? Dançam as mulheres com indumentária composta só de miçangas? Charles se pôs a rir para dissimular seu desconforto. -Jamais conheci a uma jovem que faça tantas perguntas: Asseguro-te que perdi o fio. -Dervixes. -Bom, suponho que existem. Nunca conheci a nenhum - suspirou-. Acredito que será feliz ali. Jessica lhe sorriu tranqüilizadora. -Contigo serei feliz em qualquer parte. Charles a surpreendeu franzindo o cenho inesperadamente. -Alegra-me ouvir lhe dizer isso. Não sabia como lhe comunicar isso. – Comunicar-me? O que? -Mudaram meu destino. Vão me enviar para a Antártida. -Como? Mas se ali não há nada! -Querem abrir uma embaixada britânica para começar a estabelecer relações com os pingüins. Existe um grande interesse para averiguar onde adquirem seus smokings. -Aaaah! Estrangular-te-ei. Volta aqui, Charles, para que possa te estrangular. Mas ele já tinha se afastado galopando em ângulo reto, atravessando a pradaria. Jessica enrolou imediatamente as rédeas em suas mãos, deu rédea ao cavalo da mais inadequada maneira americana e lançou o alazão a uma corrida enlouquecida. ******* -Um casamento dentro de três meses. É impossível fazê-lo tudo como é devido. Lily Grei tomava pequenos sorvos de chá, como se isso pudesse salvá-la de s ...

ver enrolada pela rusticidade americana. A lista que tinha ante ela, sobre a mesa, tinha triplicado sua longitude nos últimos minutos. Recostou-se em seu assento e ficou olhando, por cima do opulento seio, o papel. Marcou duas coisas. Era evidente que não haveria tempo. -Começa a desfrutar de sua permissão dentro de três meses - disse com calma seu irmão, com um tom que não comprometia a nada. Arthur Grei jogou outra olhada ao jornal e mordiscou o segundo muttin, negando-se a reconhecer a severa desaprovação de sua irmã. Em seu bigode prateado ficou um pouco de geléia de pêssego quando ao fim deu conta do doce. -Depois de tudo faz já um ano que estão noivos - concluiu ela. -Sabe muito bem o que quero dizer. Com a pluma de ganso, Lily deu uns golpezinhos na orelha, e começou a resmungar irritada, ao enganchar-se na rede para cabelo. Esforçou-se para soltá-la. -Os convites - continuou-, as festas, os vestidos, a lista de convidados. É interminável. -Então faça algo singelo, Lil. -É sua única filha. Não quer que se case como corresponde? Ao ouvir aquilo, Arthur elevou a vista do jornal. Suas coradas bochechas se transformaram em arredondadas bochechas ao fazer a sua irmã uma sorridente careta por cima das lentes que usava para ler. -Só me importa que seja feliz. Lily, desarmada ante sua sinceridade, fez uma profunda inspiração e fixou o olhar no exuberante jardim que se estendia ante a reluzente fachada de pedra de Greyhurst. -É uma pena que sua mãe, Deus a tenha em sua Santa glória, não esteja aqui para ver Jessica casada. Não acredita que é injusto que uma mãe perca o casamento de sua filha.? Arthur tinha o olhar cravado no jornal; mas via algo muito distinto. -Sim - murmurou-. Não tenho que te dizer como tem sido sua ajuda. Jessica necessitava a influência de uma mulher. Seu bom aspecto se esfumaçou ao apressar-se Lily a assentir. -Terá que reconhecer que carece de autodisciplina ...

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