Livro: Algemas partidas Página 4

... te. Será que Rolfe estaria esperando por ela na Cidade do México? Mal podia esperar para vé-lo. O vôo foi ótimo e após duas horas e quarenta minutos o avião pousou em solo mexicano. Qualquer cansaço que pudesse estar sentindo imediatamente esquecido pelo pensamento de ver seu querido irmão dentro de tão pouco tempo. "Ele deve ter recebido minha carta", ela pensava, tentan¬do localizar Rolfe no saguão do aeroporto. Porém, uma de-sagradável sensação de frustração a atingiu em cheio, ao constatar que ele não estava ali para esperá-la. Contudo, procurou não se desesperar. Certamente Rolfe estava muito ocupado com os preparativos de seu casamento no dia seguinte e não tivera tempo para ir encontrá-la. E Querétaro, a cidadezinha onde ele se achava, não ficava mui¬to afastada da capital. Lembrou-se de que Rolfe dissera, nu¬ma das cartas, que havia um ônibus muito confortável que fazia o percurso entre as duas cidades e então decidiu tomar um táxi que a levasse até a estação rodoviária. Estava cansada e com sono, mas as buzinas infernais do trânsito mexicano impediram-na de fechar os olhos e relaxar. Um pouco depois, chegava à estação. E, carregando suas duas malas e um livrinho com frases em espanhol, procurou o ônibus que iria até Querétaro. Um deles dírigia-se à cidade de León, mas o motorista lhe assegurara que havia uma parada em Querétaro. Mais tranquila, subiu no ônibus e procurou um lugar para sentar-se. — Perdón, señorita — disse um mexicano alto e forte que sentou ao lado dela, quando um de seus filhos bateu sem querer em sua perna. Cally sorriu. Tinha percebido quando aquele senhor en¬trara no ônibus acompanhado dos filhos e de uma senhora que sentara do outro lado do veículo. Certamente seriam marido e mulher. e não deveriam ficar separados. Lutando contra sua timidez, Cally ofereceu, por meio de gestos, seu lugar para que a família toda pudesse ficar unida durante a viagem. Ela até arriscou um de ...

nada, quando o homem lhe disse "Muchas gracias". E, observando o grande carinho com o qual aquele senhor tratava os filhos, um carinho que nem ela nem Rolfe jamais experimentaram, percebeu que iria adorar o México e o povo mexicano. Três horas depois, o ônibus chegou a Querétaro. Cally estava exausta, mas não fechara os olhos durante todo o percurso, com medo de dormir e passar da cidade desejada. Desceu e procurou Rolfe desesperadamente pela estação rodoviária. E precisou usar todas as suas forças para não ter uma crise de choro quando constatou que, também ali, ele não estava. — Você parece estar perdida — disse uma voz em inglês atrás dela. Cally virou-se e viu um jovem de sua idade, acompanhado por uma garota. Usavam jeans e pareciam ser americanos. — Nosso ônibus só sai dentro de duas horas — continuou o rapaz. — Será que podemos ajudá-la? Sentindo-se menos sozinha com a presença daquele casal que falava sua língua, Cally sorriu e explicou que seu irmão deveria estar lá para encontrá-la, mas certamente não apa-recera devido aos preparativos do casamento. — Ele deve estar muito ocupado — ela disse por fim. — Ou dando uma festa para comemorar seu último dia de solteiro — brincou o jovem americano. — Mas, agora, vamos tratar de encontrá-lo. Você tem o endereço dele? Cally tirou a carta da bolsa e mostrou o endereço do apar-tamento de Rolfe. — Esta rua não é muito longe daqui — o rapaz informou. — Se quiser, poderemos tomar um táxi e ir até lá. — Eu adoraria que vocês fossem comigo! Só que não quero atrapalhar. — Não podemos deixá-la perdida por aí. Além disso, nosso ônibus vai demorar muito a sair. Será um prazer ajudar. Entraram no táxi e Cally sentiu-se mais calma. Mas logo outra desilusão a esperava. O apartamento onde Rolfe mo¬rava estava vazio. O zelador a informou que ele tinha se mudado no dia anterior. — Rolfe deve ter ido para a casa onde vai morar com Graciela � ...

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