Livro: Armações De Amor Página 4

... Com mil milhas à sua frente, não via razão em forçar o animal ao sol de uma tarde escaldante de junho. O rapaz da égua cinzenta também imprimiu uma marcha lenta, e logo apenas os dois estavam para trás, os outros oito competidores bem à frente, num galope alucinado. O rapaz não olhava nem para a direita nem para a esquer¬da, com a atenção fixa na estrada à sua frente. Jones se voltou para ele e sorriu. — Parece que somos os únicos com juízo suficiente para pensar nos nossos cavalos. Seu oponente mal acenou com a cabeça, mas sorriu e conti¬nuou a cavalgar. O rapaz tinha o cabelo loiro, algumas mechas escapavam sob o chapéu, e os olhos eram azuis da cor das violetas do Texas. Jones pensou nas próprias feições escuras, uma cortesia da metade indígena de sua mãe. Os dois cavalgaram as primeiras vinte milhas em silên¬cio. Já não se via mais os outros competidores, apenas uma nuvem de poeira. Na primeira parada, dois barris de água esperavam por cavaleiros e cavalos. Jones desmontou, deixou Hombre enterrar o focinho num deles e matou a própria sede no outro barril. — Dia quente, não? — falou para o rapaz, quando este desmontou. — Sim — ele aquiesceu e deixou sua montaria matar a sede. — Não vemos muitos cavalos de raça como o seu por estas bandas — observou Jones. Sem resposta. O rapaz continuava a beber a água. — Sou Jones Comanche, do Texas. Qual o seu nome? O menino puxou a aba do chapéu para baixo. — Henry J. Smith. — Sabe Henry, nós podíamos nos ajudar, trabalhando em equipe, como alguns dos demais certamente farão. — Não preciso de ajuda alguma — murmurou o rapaz, colocando a concha de volta no barril e tornando a montar. — Bem, sei que está disfarçando, mas já percebi seu sota¬que ianque. — Para Jones não havia insulto maior do que aquele, porém o outro se limitou a dar de ombros e sair cavalgando. Não obtendo resposta, ele fechou o semblante e subiu na sela. Certo, ele poderi ...

cortar toda a pompa daquele rapazote. Mesmo porque não tinha dúvidas de que venceria não só a ele, como também a todos os outros competidores. Jones viera para Nebraska trazendo uma manada de cavalos de raça do ran¬cho Durango Triple D para o império de Rocking J. Os outros caubóis haviam tomado o trem de volta para o Texas, mas ele permanecera para conhecer melhor o lugar. O nordeste de Nebraska era quase tão bonito quanto o Texas, mas claro que um pobre caubói não poderia comprar nenhum pedacinho de terra por ali, especialmente quando o proprie¬tário de quase todo o território era Henry Jennings. Então Jones ouvira falar da Grande Corrida. Mil e quinhentos dóla¬res era muito dinheiro, quase o mesmo que ganharia em dois anos inteiros de salário de um vaqueiro. Poderia comprar o rancho que tanto almejara. Estava anoitecendo quando os cavaleiros chegaram à cida¬de de Long Pine, onde uma multidão esperava para saudá-los. — Bem-vindos! — as autoridades cumprimentaram a todos. — Temos um piquenique noturno para vocês, feijão, pão e cerveja. Aquilo soou bem para Jones, que desmontou comum sor¬riso nos lábios. — Vocês tem um estábulo para os cavalos? — perguntou a um dos membros da equipe de apoio local. — Sim, temos. E também um bom hotel para vocês — informou o homem de certa idade. A comida era de graça, e talvez ele e alguns dos outros pudessem alugar um quarto. Olhou para o céu. Poderia cho¬ver forte durante a noite. Henry J. Smith desmontou e pare¬ceu meio indeciso. Jones havia decidido não fazer mais nada para ajudar o rapaz esnobe. Todos os cavaleiros exaustos haviam deixado suas montarias no estábulo e, só depois de alimentar e escovar os cavalos, é que retornaram ao palanque da praça. Apesar de a noite estar quente, os habitantes da cidade haviam acendido tochas, e os voluntários do Corpo de Bombeiros tinham formado uma bandinha que se esforçava para tocar algumas músicas a fim de animar o amb ...

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