Livro: Armações De Amor Página 2

... as, por mil e quinhen¬tos dólares, uma sela Montgomery nova e uma pistola chique como prêmio, até eu tive vontade de entrar na corrida. Ela ficou intrigada, porém tinha seus próprios problemas para pensar. — Como chego até o rancho de Rocking J.? — Siga para o Norte por cinco milhas. Não tem como errar. Henry Jennings deve ter uns cinqüenta mil acres. — O senhor o conhece? — Foi difícil segurar a curiosidade. — Tem negócios com Henry? — indagou o homem, só então notando as roupas sofisticadas dela. Ela achou melhor não contar que era filha dele já que não tinha certeza de em quem podia confiar. — Não, mas gostaria de saber como ele é. — Alto, magro, duro como um bife de búfalo. Olhos azuis como o gelo e cabelos claros. É um homem com o qual é melhor não mexer. — Ele é hospitaleiro com os visitantes? — Henrietta per¬guntou, depois de sorrir, encontrando uma semelhança com o pai. Naquele momento a curiosidade passou para o condutor, que a observou com maior atenção. — Ele não está no rancho. Coloquei seu vagão particular nos trilhos dois dias atrás. Há uma grande convenção de cria¬dores de gado em Omaha. Deve voltar daqui a uma semana. O que faria agora? Se esperasse uma semana por ali sua mãe e seu noivo acabariam por descobrir onde estava e viriam em seu encalço. Além de ter pouca idade, seu dinheiro era escasso. Só o desespero a fizera pegar sua égua árabe, Lady Jane, e rumar em busca do pai desconhecido, que nunca se dera o trabalho de responder às suas cartas todos aqueles anos. Caminhou até o vagão de gado para certificar-se de que a égua fosse desembarcada. Quando o trem partiu, ela ficou parada e indecisa entre sua única bagagem e a égua, tentan¬do resolver o que fazer. Sobrevivência não estava entre as matérias ensinadas na Academia para Moças da Srta. Priddy, em Boston. Entretanto ela sabia que Lady Jane precisava de ração e de descanso, então puxou o animal até uma e ...

trebaria. Agora ela estava apoiada sobre a porta da baia e afastava fios de cabelo do rosto, pensando no que faria em seguida. Poderia descobrir em qual hotel de Omaha seu pai esta¬va hospedado e telegrafar para ele, mas não tinha certeza de que obteria resposta. Talvez isso só servisse para que o pai alertasse sua mãe sobre seu paradeiro. Não tinha dúvida de que os detetives da Agência Pinkerton estavam em seu encalço desde o instante em que Matilda, sua mãe e notória alpinista social, insistira para que ela se casasse com o rico e preeminente membro da alta sociedade de Boston, Throckmorton P. Gutterstaff III. Henrietta pegou a bagagem e abriu caminho por entre a multidão até a porta do Hotel Blaine, onde conseguiu o últi¬mo quarto disponível. No saguão não se falava de outra coi¬sa a não ser da Grande Corrida com homens apostando em seus competidores favoritos. De repente, uma idéia começou a se formar em sua men¬te. Sabia de sua competência como amazona. Além disso, os cavalos árabes eram famosos pela resistência. Será que haveria alguma possibilidade, mesmo que ínfima, de poder se disfarçar de rapaz e entrar na competição? Que idéia mais absurda!, censurou-se. No entanto, não tinha nenhuma alternativa melhor no momento, Era alta e magra para uma garota e sua voz era mais grave que o usual. Se entrasse na corrida como um rapaz poderia confundir seus perseguidores por algum tempo, e assim conseguiria ficar a salvo. Além da possibilidade de vencer, e com o prêmio de mil e quinhentos dólares poderia ficar fora do alcance de sua mãe. No auge do desespero em que se encontrava, medidas drásticas tinham de ser consideradas. Desse modo, rumou para o armazém e comprou um chapéu Stetson, roupas de vaqueiro e um par de botas. Voltou para o quarto de hotel e vestiu o disfarce. Uma vez caracterizada, ficou diante do espelho e avaliou-se. Com o longo cabelo loiro preso sob o chapéu e debaixo das roupas folgadas, poderia muito ...

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