Livro: Cenas de Paixão Página 3

... e o peito, na clássica postura defensiva. — Por que tanto interesse, Jefferson King? É o desafio de me convencer que o motiva? Não está acostumado a ouvir a palavra "não"? — Não a ouço com freqüência, é verdade. — Imagino que não. Um homem como você, com seus sapatos finos e a carteira cheia de dinheiro, provavelmente é bem recebido em todos os lugares a que vai, não é? — Tem alguma coisa contra uma carteira cheia de dinheiro? — Só quando é jogada na minha cara a todo instante. — Não jogada — corrigiu. — Oferecida. Estou lhe ofere¬cendo uma pequena fortuna pelo aluguel de suas terras por algumas semanas. Como pode considerar isso um insulto? A boca de Maura se mexeu como se ela estivesse tentando não sorrir. — Não um insulto, é claro. Mas sua determinação teimo¬sa de me convencer é curiosa. — Como você disse, adoro um desafio. — Todos os Kings adoravam, e Maura Donohue era o oponente mais interes¬sante que encontrara em muito tempo. — Então temos isso em comum. — Finalmente, uma coisa que partilhamos. Por que não me deixa ir com você até a pastagem alta? Pode me mostrar o resto da sua fazenda. Ela o estudou em silêncio por um longo momento en¬quanto o vento os atingia. — Por que quer vir comigo? Ele deu de ombros. — Francamente, não tenho nada melhor a fazer agora. Por que você não quer que eu vá? — Porque não preciso de ajuda — esclareceu. — Você parece bem segura de si mesma. — E sou — garantiu. — Então, por que deveria se importar se for com você e ajudar, se puder? A menos que esteja com medo de ser sedu¬zida pelo meu carisma letal. Ela riu. Jogou a cabeça para trás e soltou uma longa e deliciada risada que tocou alguma coisa dentro dele e lhe atingiu o orgulho. — Ah, você é um homem divertido, Jefferson. — Não estava tentando ser. — O que só torna tudo muito mais engraçado, não entende? Encolhendo-se ainda mais no casaco para se proteger do ...

frio, Jefferson disse a si mesmo que Maura estava apenas tentando se convencer de que ele não mexia com ela. Porque sabia que mexia. Não era mais tão distante como na primei¬ra vez em que fora à fazenda Donohue. Naquele dia, quase esperara que ela puxasse um revólver e o obrigasse a sair de suas terras. Não tinha sido exatamente uma demonstração da hospitalidade irlandesa. Felizmente ele sempre tinha sido o membro paciente da família. E então tentou um caminho diferente. — Pense desta maneira. Enquanto me leva para conhecer sua fazenda, terá a oportunidade de pensar no motivo por que não quer aceitar minha oferta de alugar sua fazenda por uma já mencionada e exorbitante quantia de dinheiro. Ela dobrou a cabeça para o lado para estudá-lo e seus cabe¬los negros dançaram ao vento como uma flâmula de guerra. — Então está bem. Venha, se precisa. — Um convite muito gentil, com sempre. — Se quer gentileza, devia ir para Kerry, para o Dromyland Castle. Eles têm ótimos garçons, comida deliciosa e jardins com caminhos muito cuidados, destinados a garantir que os sapatos finos de seus visitantes não se estraguem. — Não estou interessado em gentileza. — Encaminhou-se para a lateral do caminhão. — É por isso que estou aqui. Depois de um momento, ela riu. — Você dá na mesma medida em que recebe, tenho que admitir. — Obrigado. Ela se juntou a ele à porta do caminhão. — Mas, se não se importa, eu dirijo meu caminhão. — O quê? — Jefferson percebeu que se dirigira para o lado direito — que deveria ser o lado do passageiro —, mas, na Irlanda, o volante ficava do lado direito. — Sabe que vo¬cês colocam o volante do lado errado do carro? — Agora, essa é uma questão de perspectiva, não acha? — Fez um gesto para ele se afastar e Jefferson rodeou a frente do pequeno caminhão para chegar à outra porta. — Lado errado, lado certo, não faz diferença, já que ambos são o meu lado. Jefferson descanso ...

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