Livro: Cenas de Paixão Página 2

... ueles com quem lidava ficavam sem¬pre ansiosos para assinar na linha pontilhada e pegar seu dinheiro. Mas não Maura. Fazia dias que ia diariamente à fazenda Donohue para conversar com sua teimosa proprietária e única funcioná¬ria. Enchera Maura de elogios, tentara-a com promessas de montanhas de dinheiro que sabia muito bem que não podia recusar e, de modo geral, fora amistoso demais para qualquer um resistir. Mas ela resistira. — Você está no meu caminho. — Desculpe. — Jefferson deu um passo para o lado para ela poder passar por ele, carregando um saco de alguma coi¬sa que ela não sabia o que era. Seu instinto primitivo lhe dizia para tirar a carga pesada dos braços dela e fazer a gen¬tileza de carregá-la. Mas Maura não aceitaria ou agradeceria seu oferecimento de ajuda. Era ferozmente independente, espirituosa, tinha uma lín¬gua rápida e ferina e um corpo no qual ele passava tempo demais pensando. Os bastos cabelos negros desciam em ondas suaves até o meio das costas e os dedos dele cocavam para segurá-los e deixá-los deslizar suavemente na pele. Ti¬nha um queixo teimoso que tendia a erguer quando discutia e um par de olhos azul-escuros cercados por cílios negros e longos. Usava um jeans gasto e um pesado suéter irlandês tri¬cotado que cobria a maioria de suas curvas. Mas inverno na Irlanda significava um clima úmido e frio, portanto não podia culpá-la por usar roupas demais. Mesmo assim, es¬perava que o convidasse a entrar na casa para tomar uma xícara de chá porque, então, ela tiraria o suéter para revelar uma camiseta que lhe desse uma visão melhor do que man¬tinha escondido. Mas, agora, seguiu-a para fora do celeiro e saiu no vento gelado que lhe batia no rosto e fazia os olhos arderem, como se o desafiasse a enfrentar o campo irlandês. Suas orelhas estavam frias e o casaco não o esquentava o bastante. To¬mou uma nota mental para fazer algumas compras na aldeia, como um casaco mais pesado, se conseguisse enc ...

ntrar um, e alguns suéteres de tricô feitos a mão. Não faria mal ne¬nhum conquistar alguns comerciantes locais. Queria que to¬dos os moradores da pequena aldeia de Craic ficassem a seu lado enquanto tentava convencer Maura a alugar para a King Studios o uso de sua fazenda. — Aonde vamos? — gritou, e podia jurar que realmente vira o vento lhe jogar de volta as palavras. — Nós não vamos a lugar nenhum — gritou Maura por cima do ombro. — Eu vou para a pastagem de cima para espalhar um pouco mais de comida. — Posso ajudar. Ela se virou e olhou para ele dos pés à cabeça, o olhar fa¬zendo uma pausa nos caros e brilhantes sapatos pretos. Então deu de ombros. — Com esses sapatos finos e caros? Ficarão arruinados num minuto, andando pela grama e pela lama. — Por que não deixa que eu me preocupe com meus sapatos? Ela ergueu aquele queixo teimoso. — Dito como um homem que não precisa se preocupar em saber de onde virá seu próximo par de sapatos. — Você não gosta de todas as pessoas ricas — o sorriso era divertido — ou apenas de mim? Ela sorriu de volta, sem nenhum constrangimento. — Bem, essa é uma pergunta interessante, não é? Jefferson riu; as mulheres com quem estava acostumado a lidar eram mais discretas, mais dispostas a concordar com ele, não importava o que dissesse, e não davam opiniões, com medo de ele não gostar. Não se divertia assim há muito, muito tempo. E não eram apenas as mulheres, era todo mun¬do que conhecia em Hollywood. E isso não acontecia apenas por ele ser membro de uma família importante, mas por ser presidente de um estúdio onde os sonhos podiam se tornar realidade ou ser destru¬ídos pelo capricho de um executivo. Pessoas demais esta¬vam tentando com afinco excessivo ficar bem com ele, e era bom como os diabos encontrar alguém que não se im¬portava com isso. Maura bateu o portão traseiro do seu pequeno e velho ca¬minhão, então se encostou nele e cruzou os braços sobr ...

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