Livro: Um homem desejado Página 2

... a lentidão impressionante. Jane aguardou que o fotógrafo aparecesse, posou, sorriu e ficou observando o trabalho das outras modelos. Teve a cautela de não revelar um traço sequer de tédio ou amargura. Ao contrário, concentrou-se em mostrar o lado profissional. Esse poderia ser seu último trabalho com a Carvel, mas o faria com a mesma dedicação de sempre, e que fora o grande trampolim para levá-la ao topo. Somente mais tarde, naquela noite, na suíte do hotel, segura na solidão, permitiu-se lidar melhor com os fatos. Com seu futuro. E o passado. Acomodou-se na cama, abraçando os joelhos. \\"Como pude me tornar um alvo tão fácil para as artimanhas do destino?\\", começou a divagar. Primeiro houve o fim de seu casamento. Depois, a queda na carreira. Era difícil encarar, mas estaria se sentindo mais fortalecida se não fosse. Lágrimas lhe vieram aos olhos. Ainda não conseguia aceitar a outra \\"tempestade\\": o fato de ser estéril. Uma palavra tão dura. Sabia disso havia meses, mas o diagnóstico ainda ecoava em seus ouvidos, como se proferido no dia anterior. Depois de ter sido casada por cinco anos e tentado conceber durante três, fora a um especialista. — Tenho noventa e nove por cento de certeza de que jamais ficará grávida — o ginecologista lhe dissera. — Todos os tratamentos ou cirurgias do mundo não farão diferença. Kevin, seu marido, considerara a infertilidade uma deficiência e a usara como desculpa para partir. Não ficara nem mesmo por tempo suficiente para questionar a opinião do médico ou aguardar a avaliação de um segundo profissional. Não que isso adiantasse. Jane analisara cada um dos diagnósticos. O resultado fora o mesmo. Então. Nada de bebês, nada de casamento e, naquele instante, nada de carreira. Jane recostou-se à cabeceira da cama e ficou pensando que poderia deter o controle da própria vida, fazer com que tudo entrasse nos eixos novamente. Seus olhos se moveram para a seção de jornal que de ...

xara no criado-mudo. Pegou o anúncio, deixou-o de lado e então voltou a lê-lo. Sim, a solicitação era inusitada, intrigante. Mas quem, em perfeito juízo, iria importar-se em dar uma segunda olhadela no texto? \\"Eu? De jeito nenhum!\\", pensou ela. Permaneceu, sentada durante uma hora, considerando as implicações de um anúncio como aquele. Quanto mais tentava enfatizar o absurdo daquilo, mais fortes as possibilidades se tornavam. A vida do rancheiro andava turbulenta. Assim como a dela. O homem obviamente tinha dificuldades em encontrar uma mulher. E Jane recentemente perdera seu homem. O dono do rancho precisava de uma mãe para seus filhos. E ela queria ser mãe. A situação parecia enviada pelos céus. Talvez fosse obra do destino. — Hesite e estará perdida — lembrou-se, sabendo que, se aguardasse um pouco mais, poderia perder a pouca tranqüilidade que ainda lhe restava. Então, antes que isso acontecesse, pegou um bloco com seus dados pessoais, escreveu uma rápida resposta e telefonou para a portaria do hotel, solicitando a postagem da carta. Já era escuro quando Greg Merrifield pegou a estrada rumo à sua casa. Os faróis de sua, van iluminavam os arcos de ferro que conduziam ao rancho. O tempo passara muito rapidamente. Nem se dera conta, tão entretido estivera no leilão de gado. Nesse momento, culpava-se por ter perdido o horário para o jantar dos bebês. Certamente estavam sendo muito bem tratado por Helga, a empregada doméstica, e por Anita, esposa de Elton, seu capataz. O casal sempre estava nas proximidades, para alguma emergência. Mas isso não bastava. Os gêmeos precisavam da presença do pai. Estavam adormecidos nos berçinhos quando ele dispensou Helga e lhes foi dar um beijo de boa-noite. Nenhum dos dois acordou quando o pai passou o dedo levemente pelas faces aveludadas, mas a boquinha bem desenhada de Sarah pareceu curvar-se em um sorriso suave, e os quase inaudíveis roncos de Sean momentaneamente se acalmaram. ...

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