Livro: Coração Vazio Página 2

... ro pensamento a atingiu como um punhal. — Meu Deus! E os brinquedos? — Ele não viu nada. Não deixei Jake passar do cor¬redor. — Graças a Deus. — Ela deslizou para fora do abraço da mãe e afundou na cadeira do telefone, colo¬cando a cabeça entre as mãos. Jake estava de volta! Quatro anos de dolorosa solidão e ele estava nova¬mente na Austrália. Aqui. Em Sydney. Levantou a cabeça e olhou para a mãe. — O que ele queria? — Ele quer vê-la — disse Gwen. — E não queria aceitar um não como resposta. Então isso não mudara, pensou com amargura. Jake Marriott era um homem acostumado a fazer tudo o que queria e, geralmente, agia de forma impiedosa-mente cruel para consegui-lo. — Não posso vê-lo. — Levantou-se agitada e co¬meçou a andar de um lado para o outro. — Simples¬mente não posso. — Querida. — O tom de voz da mãe era gentil, mas claramente desgostoso. — Você já deveria ter contado sobre Lachlan. Ele tem direito de saber que tem um filho. — Ele não tem direito algum! — Ashleigh se vol¬tou para a mãe com uma raiva repentina. — Ele ja¬mais quis um filho. E deixou isso bem claro desde o início. Nada de casamento, nada de crianças. Era esse o trato. — Ainda assim ele deveria ter sido informado. Sua respiração queimava ao se lembrar do passado. — Você não entende, não é, mãe? Mesmo depois desses anos todos, você ainda quer que ele seja o mo¬cinho da história. — Olhou com amargura para a mãe e continuou: — Para sua informação, se eu tivesse contado a Jake que estava grávida, ele teria me obri¬gado a interromper a gestação. Eu sei que ele teria insistido nisso. — Certamente seria escolha sua — Gwen a confor¬tou, o rosto carregado de preocupação materna. — Ele dificilmente a forçaria. — Eu mal tinha completado 20 anos! — disse Ash¬leigh, perigosamente à beira das lágrimas. — Eu mo¬rava do outro lado do oceano, com um homem nove anos mais velho que eu e por ...

quem eu faria qualquer coisa. Se ele me dissesse para pular da torre de Lon¬dres, eu provavelmente pularia. — Ela suspirou exas¬perada. — Eu o amava tanto. Gwen suspirou ao abraçar a filha, as mãos afagando os sedosos cabelos loiro-acinzentados, como sempre fizera durante quase todos os 24 anos de Ashleigh. Ashleigh soluçou ao levantar a cabeça. — O que eu vou fazer? Gwen a afastou, gentil, mas firmemente. Sua natu¬reza prática novamente tomando a dianteira. — Você vai vê-lo porque, antes de qualquer coisa, você lhe deve isso. Ele comentou que o pai morreu recentemente. Acredito que esse seja o motivo do re¬torno a Sydney. Ashleigh franziu as sobrancelhas, enquanto seguia a mãe até a cozinha. No passado, quando perguntara a Jake sobre sua família, ele dissera que seus pais estavam mortos. Durante o tempo que passaram juntos, ele rara¬mente falava sobre sua infância e se desviava do assunto sempre que ela o sondava. Atribuíra isso à dor pela per¬da dos pais tão jovem. Por que ele havia mentido? — Ele disse onde está hospedado? — perguntou, sentando-se em um dos banquinhos da cozinha. Gwen colocou água na chaleira enquanto respondia. — Em um hotel, por enquanto, mas tive a impres¬são de que ele pretende se mudar para algum lugar por aqui em North Shore. Ashleigh se virou para a mãe, em choque. — Tão perto? — Temo que sim — disse Gwen. — Você terá mui¬to trabalho para manter a existência de Lachlan em segredo, se ele vier morar em um bairro vizinho. Ashleigh não respondeu, mas sua expressão de¬monstrava preocupação. — Você não tem escolha além de vê-lo e acabar logo com isso — disse Gwen, oferecendo uma xícara de chá. — De qualquer forma, ele pode ter mudado. Ashleigh respondeu com o coração dolorido. — Não acho que pessoas como Jake Marriott mu¬dam. Não é da natureza delas. — Você sabe que, às vezes, pode ser bem teimosa, Ashleigh — a mãe a repreendeu. — Eu sei que ...

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