Livro: Sedução e poder Página 2

... porque ele era o proprietário daquele iate, embora isso es¬tivesse claro como água. Era quase visível, Tristanne pen¬sou; a atitude de posse quase parecia se projetar dele, como ondas. Não era nem mesmo o inegável poder físico que ele parecia controlar com dificuldade por detrás de uma ima-gem enganadoramente calma, ainda que estivesse vestido de forma tão casual, com jeans, camisa branca, revelando sua pele azeitonada. Era ele. Era o modo como ele se portava; uma atitude de coman¬do e ao mesmo tempo distante, parecendo só em sua própria festa. Havia uma energia feroz, inquestionavelmente mas¬culina, que se projetava dele, atraindo as atenções, porém mantendo todos à distância, mesmo os mais corajosos. Ele já seria devastador o suficiente se não fosse atraente; era poderoso assim. Mas obviamente, Nikos Katrakis não era, em qualquer sentido da palavra, feio. Tristanne sentiu um arrepio lhe per¬correr a espinha, e não conseguiu desviar os olhos. Ele era ainda mais poderoso que o falecido pai dela havia sido, mas não tão frio, ela pensou. E, de algum modo, podia sentir que ele não era bruto como o irmão dela, Peter, um homem tão cruel que se recusava a pagar as contas do tratamento médico de sua mãe, um homem sem coração que ria do desespero dela. E, ainda assim, havia algo a respeito de Nikos que a fazia pensar que ele era diferente, que a fazia imaginar dragões, como se ele fosse uma criatura mágica e perigosa; épica. Ele era viril demais. Masculino demais. Dragão, ela pensou no¬vamente, e as palmas de suas mãos formigaram com o dese¬jo de percorrer os traços firmes, quase duros, do rosto dele, embora ela soubesse que aquele era exatamente o tipo de coisa que seu irmão desprezava. Não havia modo de explicar criatividade para seu irmão super controlador. Mas era precisamente por tudo aquilo que Nikos Katrakis era o único homem que serviria. Ela estava perdendo tempo apenas olhando para ele, tentando reunir coragem, q ...

ando sabia que Peter procuraria por ela muito em breve. Ela sabia que ele não confiava nela, e não importava que Tristanne tivesse concordado em participar do plano dele. E ela segui¬ria em frente, ou pelo menos fingiria, mas o faria em seus próprios termos, não nos dele. E ela o faria com o homem que Peter odiava acima de todos os outros, o único que con¬siderava seu principal rival nos negócios. Ela já tinha passado do ponto do nervosismo, e agora sen¬tia algo diferente, algo que fazia seu pulso acelerar e seus joelhos parecerem gelatina. Só podia esperar que aquilo não fosse aparente, e que ele visse apenas o que o irmão dela, Pe¬ter, afirmava que todos viam quando a olhavam: nada além do gelo Barbery. Já é hora de você usar os seus dotes para obter vanta¬gem, Peter dissera, com sua voz gélida. Tristanne afastou a lembrança, determinada a não reagir ainda mais a ele, mes¬mo que só em sua mente. Não quando havia tanta coisa em jogo. A vida da mãe. A independência que lutara tanto para conseguir. Tristanne respirou fundo, fez uma pequena prece e se forçou a caminhar diretamente para onde Nikos Katrakis estava, antes que desistisse. Nikos levantou o olhar de sua bebida e seus olhos foram capturados pelos dela. Os olhos dele eram da cor do chá cur¬tido, alguns tons mais claros que os cabelos espessos e es¬curos e as sobrancelhas arqueadas, fazendo-os parecer ouro velho. Tristanne teve a impressão de que aqueles olhos a queimavam como laser, então prendeu o fôlego, e um calor intenso a percorreu. Os sons dos convidados da festa, das taças tilintando, das risadas altas, desapareceram. Sua ansie¬dade e seu propósito se desvaneceram, como se nunca tives¬sem existido. Era como se o mundo inteiro, a paisagem es¬tonteante da Riviera francesa, o infinito azul-esverdeado do mar Mediterrâneo, perdessem a importância diante do olhar quente e dourado dele. Como se fossem consumidos por ele, envolvidos, modificados por ele, por aquela ...

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