Livro: Noite de núpcias - Jane Arbor Página 2

... zoológico — disse ela, admirando os matizes azuis-esverdeados da carapaça enorme. Pouco depois, os motores diminuíram a velocidade para entrar no porto, fazendo com que a tartaruga, assustada, mergulhasse rumo ao abrigo das regiões profundas do mar. Zante e Ulla voltaram a atenção para o movimento dos marinheiros a postos para a atracação no caís. Era um porto pequeno, emoldurado por morros cobertos de oliveiras. Perto do cais havia casinhas brancas, alguns bares e um armazém, tudo muito tranquilo e bem cuidado. Uma rua estreita subia para o alto do morro, onde um telhado aparecia entre as árvores. Zante apontou o telhado e Ulla virou o binóculo naquela direção. — Aquela é a nossa casa, Ulla. Chama-se To Aspro Spiti, que em grego, quer dizer: A Mansão Branca. Realmente, observando de longe seu futuro lar, Ulla reparou no brilho branco imaculado das paredes, parcialmente escondidas atrás das oliveiras. Aquele seria o lar de Ulla Diomed, que na manhã do dia anterior ainda se chamava Ulla Keith, nascida e criada na cidade universitária de Falconbridge, na Inglaterra. Tão pouco tempo havia se passado e agora ela se via fazendo parte daquele cenário natural, encantado e maravilhoso. Parecia um sonho! Apenas seis semanas antes, ela nem conhecia Zante Diomed. Havia sido convidada para um jantar na residência do cônsul, em companhia do pai, um conceituado professor de arqueologia. Naquela noite, Zante Diomed, o pintor grego que recentemente exibira seus quadros numa galeria de Londres, era um dos outros convidados. Foi então que tudo começou. Os pensamentos de Ulla voltaram-se para aquela noite. Durante o jantar, Zante havia mostrado muito interesse pelo trabalho do professor Daniel Keith. O professor explicou com detalhes suas pesquisas arqueológicas mais recentes, que se referiam ao comércio entre a Grécia e o Egito no VI e no VII séculos. Os planos de pesquisa incluíam escavações em algumas ilhas gregas, na tentaliva de encontr ...

r objetos antigos que provassem ser de origem egípcia. — As pesquisas são muito interessantes — dissera o professor para Zante. — Sabemos que a Grécia vendia cerâmicas, prata e azeite para o Egito. Também vendiam navios e os soldados mercenários gregos participavam de lutas egípcias. O Egito pagava com pedras preciosas, jóias e alabastro, além de fornecer conhecimentos de arquitetura. Mas continuamos procurando mais provas sobre a distribuição das mercadorias na época. Isso me levará a trabalhar na Grécia durante o próximo passo da pesquisa. Farei essas novas escavações usando meus próprios meios. No Egito, o trabalho foi financiado pela Fundação Arqueológica do Museu Nacional. Depois do jantar, conversando a sós com Ulla, Zante havia feito mais perguntas sobre o trabalho do professor. Ulla, que conhecia o assunto, por ter participado de todas as escavações, respondeu com facilidade. — Sou uma espécie de secretária particular do meu pai. Faço relatórios sobre o progresso das escavações, fotografo os objetos encontrados, pago os salários dos trabalhadores diaristas. Mesmo à noite o trabalho continua, pois cuido também de toda a correspondência. — Quer dizer que trabalha umas doze horas por dia? — perguntara Zante, em inglês fluente com um pouco de sotaque. — Mais do que isso, às vezes. — Esteve no Egito com seu pai? — Sim. Voltamos há uns nove meses. — E depois? — Meu pai dá aulas na faculdade. Eu cuido da casa e ainda ajudo como secretária. — E teve tempo suficiente para se divertir? Participou das festas dos estudantes? Namorou? — De vez em quando. — ela havia admitido com relutância, sem querer confessar que nunca tinha amado ninguém ou namorado a sério. Alguns dias depois desse jantar, Zante procurara o professor sugerindo escavações na ilha de Erikona. Esta ilha era propriedade particular de Zante. Alguns objetos antigos já tinham sido encontrados pelos moradores, mas nunca u ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: