Livro: Ninho de amor Página 2

... endo virada e de garrafas e copos se quebrando chamou a atenção de todos para um dos cantos do bar. Bernie voltou-se de imediato, numa reação típica de quem carrega alguma culpa na consciência. Pediu, então, outra dose e bebeu-a com mais sofreguidão do que a primeira, para depois falar; — Muito bem, vamos logo ao ponto: tenho uma men¬sagem para você. — Sério? E desde quando está trabalhando para os correios? — É melhor ficar quieto e me ouvir. Seja lá o que for que anda fazendo, parece que alguém em Chicago não está gostando. — Problema desse alguém, então. — Pois eu acho que é seu problema também. O co¬mentário por aí é de que você está valendo cinco mil dólares. Morto. — Só cinco mil?! Que ultraje! — Olhe aqui, estou tentando fazer-lhe um favor. — Bobagem! Você não faz nada a não ser por di¬nheiro. Se quer, de fato, fazer algo útil, dê-me alguma informação sobre o homem que está gerenciando os negócios sujos por aqui. — Não posso, Strada. Não sei quem ele é. Juro. — É, mesmo? Por que será que não consigo acreditar em você? — Olhe, não quero me meter em encrencas. Não trabalho mais em sua cidade, lembra? — Foi por isso que esperou até saber que eu estaria aqui e então arranjou este encontro? Apenas porque seu coração é um poço de bondade, certo? Sabe, Bernie, você consegue me emocionar. A porta do bar se abriu, e um bafo quente penetrou o ambiente. Bernie tomou a olhar sobre os ombros e depois aproximou-se mais de Nick, como se procurasse ocultar-se de alguém. — É mais do que isso, Strada; mais do que você. — Como assim? — Trata-se de sua mãe e de suas irmãs. Quantas você tem? Três? Quatro? Os dedos de Nick roçaram o lado de sua bota. — E daí? — Daí que qualquer um chamado Strada está na lista. É melhor você parar com o que anda fazendo ou. — As palavras de Bernie foram interrompidas por um gemido seu, assustado, agoniado. Olhou para baixo, en ...

re suas pernas, onde Nick colocara a ponta de sua faca, de modo ameaçador. — Já que passou a ser moleque de recados, Bernie, anote este: qualquer um que mexer com minha família é um homem morto, entendeu? — Strada, pelo amor de Deus, afaste essa lâmina de mim! — Espalhe o que acabei de dizer por aí. Minha mãe e minhas irmãs não têm nada a ver com o que faço. Portanto, se alguém for estúpido o suficiente para mo¬lestá-las, eu mesmo tratarei de eliminá-lo, certo? Gotículas de suor escorriam pela testa de Bernie, que procurava manter-se imóvel, para que a faca de Nick não o ferisse. — Puxa, homem, estou tentando ajudá-lo e você rea¬ge desse jeito. Não sou seu inimigo. — Então prove. Fale-me sobre Duxbury. — Quem? — Adam Duxbury. E então? O nome lhe diz algo? Bernie engoliu em seco. — Não posso ajudá-lo, Strada. Juro por Deus! Não posso! Sou apenas um mensageiro. Nick guardou a faca com a mesma calma e sutileza com que a havia retirado da bota. Ela não fazia parte do armamento oferecido pelo Departamento de Polícia, mas, às vezes, era mais eficaz do que a pistola auto¬mática que carregava no coldre abaixo do ombro. Mes¬mo num local agitado como aquele, um disparo cha¬maria muito a atenção. Voltando-se para o balcão, tomou um grande gole da cerveja já quente e depois indagou: — Quanto Duxbury está lhe pagando para passar adiante essa mensagem? — Não tenho mais nada a lhe dizer, Strada. — Ber¬nie desceu do banquinho e deu um passo atrás. — Agora me lembro por que saí de cena ao deixar a prisão: você é maluco. Nick mostrou os dentes, numa expressão quase pa¬recida com um sorriso. — Obrigado pelo elogio. Faço o melhor que posso. Murmurando um palavrão, Bernie tomou a direção da porta. Por um momento, Nick considerou a idéia de segui-lo e persuadi-lo a continuar a conversa, mas achou melhor deixá-lo ir. Seria inútil insistir. Duxbury conseguira manter-se fora do alcance da pol� ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: