Livro: Coroada pelo príncipe Página 2

... ia desgastada, não falava inglês, mas tinha um sorriso tão profundo que atravessava qualquer barreira lingüística. Ela o abraçou e chorou. Stefanos retribuiu o abraço e sentiu sua exaustão desaparecer. Sentia-se maravilhosamente bem. Foi até a sala de esterilização, tentado a dar um soco no ar em comemoração, mas de repente parou. E lembrou-se. Dois meses atrás, o rei Giorgos, das ilhas Diamante, morreu sem deixar herdeiros. O próximo na linha para a sucessão do trono da ilha mediterrânea de Kryseis era Christos, o primo de Stefanos. O único problema é que ninguém conseguia encontrar o homem. O pior era que, se Christos não fosse encontrado, o trono pertenceria a Stefanos, que considerava o reinado semelhante a uma sentença de morte. Em desespero, contratou como investigador um amigo que circulava pelos meios diplomáticos; além de ser discreto e de absoluta confiança seria a pessoa ideal para procurar Christos no exterior. E ele estava aqui para dar-lhe notícias pessoalmente, o que indicava que havia problemas. — Qual notícia tem para mim? — Do seu ponto de vista? — Para um investigador, esse homem é um prato-cheio e ele sabia do que tratava o assunto. — Você não vai ser coroado príncipe de Kryseis. — Não? — Ele fechou os olhos de alívio. Não foi sempre assim. Quando era pequeno, Stefanos chegou até a sonhar em herdar o trono que seu primo, patologicamente tímido, jurou não querer. Mas foi no passado bem distante do agora. O rei Giorgos foi impelido a ter filhos. Caso não tivesse, Christos teria que assumir o papel. Quase vinte anos atrás, Stefanos se mudou para os Estados Unidos para seguir a carreira médica. Seu sonho, desde então, foi aperfeiçoar e ensinar técnicas cirúrgicas. Danos como o que ele tratou hoje seriam solucionados em hospitais menos especializados que este, em qualquer lugar do mundo. — Então, finalmente encontrou Christos? — Mais ou menos — disse seu amigo. E o rosto de Stefanos ...

revelou o desaparecer de sua alegria. Sua expressão dizia que independentemente do que viesse, não seria bom. — Christos está morto, Steve, sofreu em um acidente de carro na Austrália há quatro anos. Foi por isso que não conseguiu encontrá-lo. — Morto! — Olhou para o amigo com a expressão de horror. — Christos? Por quê? Como? — Você sabia que ele saiu da ilha logo depois de você? Aparentemente, ele e a mãe migraram para a Austrália. Nenhum dos dois manteve contato. Parece que a mãe dele fez um funeral discreto e não informou a ninguém em Kryseis. Três meses depois que o filho morreu, ela também se foi. — Meu Deus! — É a pior notícia — disse o amigo, e então hesitou. — Porém, há mais. Stefanos sabia disso. Estava repassando a conversa deles na cabeça. As primeiras palavras do amigo foram: Você não vai ser coroado príncipe de Kryseis. Christos era o primeiro na linha de sucessão do trono, seguido por Stefanos. Mas Christos estava morto. Então teria que ser Stefanos. A menos. — Existe uma criança — enfim revelou seu amigo. — Uma criança! — exclamou ele, entorpecido. — Uma garotinha. Christos se casou e sua esposa morreu no mesmo acidente de carro. A menina sobreviveu. Tinha 4 anos quando seus pais morreram. Agora está com 8. Stefanos não respondeu, estava olhando para o amigo, mas não enxergava nada. Ele estava trabalhando em uma técnica inovadora em cirurgia. Seu trabalho aqui era vital. — O nome dela é Zoe. Ainda está morando na Austrália, com uma mulher chamada Elsa Murdoch, que aparentemente foi contratada como babá. Mas, Steve. — Sim? — Mas ele já sabia o que viria. — A morte de Christos significa que a criança herdará o trono. Hoje, a coroa de Kryseis pertence à princesa Zoe. Isso significa que você é o príncipe regente. — Stefanos ainda não respondia. Um abismo havia se aberto a sua frente, um lugar vazio que deveria pertencer a sua carreira. — Já fiz algumas i ...

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