Livro: No limiar do pecado Página 2

... ra dá estrada que levava ao sítio de Ben, vizinho ao Bar-B. Quando saiu da última curva na encosta da montanha, Ben finalmente avistou sua casa, construída ao pé da cadeia de montanhas chamada Sangue de Cristo. En¬quanto apreciava a beleza silenciosa da neve, algo de tonalidade alaranjada chamou-lhe a atenção. — O que é aquilo? Uma chama ergueu-se no ar, seguida pela fumaça negra. Ben olhou para o fogo por um momento e, então, calculando onde estava, praguejou e manobrou o jipe. Algum turista entrara em sua propriedade e despen¬cara de um barranco. O carro devia estar em chamas. Familiarizado com a estrada estreita em com a neve abundante, fez uma manobra rápida e dirigiu-se ao local onde vira o fogo. Dirigiu o mais depressa que pôde, em direção ao vale. Como conhecesse cada palmo de suas terras, entrou num atalho de terra, totalmente coberto pela neve. Raramente pensava em adquirir um telefone celular mas, desta vez, lamentou não possuir um, para poder chamar o serviço de emergência e deixar que eles cui¬dassem do caso. Quando, finalmente, conseguiu avistar o fogo por entre as árvores, o ar abandonou os seus pulmões. Nem mesmo o esquadrão de resgate poderia salvar alguém que esti¬vesse no carro. E o fogo parecia prestes a atingir o tanque de combustível a qualquer momento. Ben saiu do jipe e aproximou-se do carro, aflito pela expectativa de uma explosão. Uma sombra escura mo¬veu-se próximo ao carro. Ele estreitou os olhos e emper¬tigou-se ao ver os longos cabelos ruivos na neve. Uma mulher encontrava-se deitada de bruços, a poucos metros das chamas, que ameaçavam atingi-la. Ben dirigiu-se a ela, sentindo o pânico invadi-lo. O carro explodiria a qualquer momento. De repente, ela se pôs de pé e, com um grito, lançou-se para a frente. Com passadas largas, ele a alcançou. — Calma. Vou ajudá-la. — Preciso ir. — ela murmurou, lutando para libertar-se dele. Com outro grito, ela desabou de encontro a Ben, que a sus ...

entou nos braços, admirando-a por não estar gri¬lando histericamente, mas lutando pela própria vida. — Precisamos nos afastar do carro — ele disse. — Socorro — ela implorou num fio de voz, erguendo os olhos para ele, ignorando o corte no rosto. Passou os braços em torno do pescoço de Ben e segu¬rou-se com força. Ben tomou-a nos braços, virou-se e correu. A mu¬lher aconchegou a cabeça em seu peito, provocando-Ihe um forte senso de proteção, que não sentia há anos. Ele a apertou contra si, dando-se conta de que fazia muito tempo que não carregava uma mulher nos braços. Desesperado, tentou afastar-se depressa do carro em chamas. Um estrondo atrás dele lançou-o ao chão. Ben caiu, tentando proteger o corpo da mulher com o seu. Por um momento, a consciência das curvas generosas invadiu-lhe os sentidos. Olhou para ela e descobriu que ela o fitava com os lindos olhos verdes, como se quisesse puxá-lo para dentro de suas profundezas. Algo atingiu-lhe o ombro com a força de um martelo. Ao sentiu uma dor aguda na perna, Ben ergueu a cabeça e viu o pedaço de um material qualquer, em chamas sobre sua calça. Sacudiu a perna e rolou na neve, a fim de apagar o fogo em sua calça. Quando voltou a olhar para a mulher, Ben desco¬briu que ela estava inconsciente e pálida. Ela tinha o rosto e as mãos cobertos de pequenos cortes. Uma perna da calça, assim como uma manga do casaco, encontravam-se rasgados, exibindo cortes mais pro¬fundos. Ignorando a dor no ombro, ele voltou a tomá-la nos braços, deu as costas ao carro em chamas e correu para o jipe. Acomodou-a no banco de trás e cobriu-a com um cobertor. — Você não deveria ter insistido em dirigir, com um tempo desses! — murmurou. — E óbvio que não conhece a região. Ben perguntou-se o que ela estaria fazendo por ali. A pousada mais próxima situava-se em Rimrock, a mais do sessenta quilômetros a oeste. E a pequena vila de Concho, a sudoeste, raramente atraía turistas por aq ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: