Livro: O selvagem que eu amei
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... Roberta Leigh Bianca 11 Copyright: ROBERTA LEIGH Titulo original: “FLOWER OF THE DESERT” Publicado originalmente em 1977 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução ARCI ANDRADE VIEIRA DO SANTOS Copyright para a língua portuguesa: 1980 EDITORA EDIBOLSO LTDA. — São Paulo (Uma empresa do GRUPO ABRIL) Composto e impresso nas oficinas da ABRIL S.A. CULTURAL E INDUSTRIAL Foto da capa: APLA Para possuir Fleur, Karim estava disposto até a se casar. Depois, ela seria sua propriedade e apenas uma escrava. Para Fleur, tudo começou quando aceitou aquele emprego no Irã. Mulher independente e livre, como poderia se adaptar aos costumes daquele povo que parecia medieval? E como se conformar com a crueldade com que eram tratadas as mulheres naquele país? Mas, depois de olhar dentro dos olhos selvagens de Karim Khan, Fleur percebeu que estava presa naquela armadilha. Se quisesse o amor daquele homem, teria que desistir de tudo: sua liberdade, seus costumes e sua vontade própria. E virar uma esposa submissa! Mas poderia ser feliz assim, ao lado de um homem que considerava um verdadeiro bárbaro? PROJETO REVISORAS Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos. Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida. Cultura: um bem universal. Digitalização: Palas Atenéia Revisão: Andresa Bastos CAPÍTULO 1 Fleur Peters sentou-se e esperou que a classe entrasse. Incrível como aquelas meninas dóceis e sorridentes eram diferentes de suas barulhentas alunas inglesas! Sempre pensou que estudantes adolescentes fossem iguais em qualquer lugar do mundo. No princípio estranhou muito, mas agora, depois de três meses no Irã, começava a se sentir quase em casa. Já estava até trocando o chá por aqueles irresistíveis docinhos de passas, nozes e mel que suas alunas beliscavam o tempo todo. A Sra. Nadar, diretora da escola foi outra agradável surpresa naquele país estranho, onde as mulh ...

res mal começavam a tomar consciência de seus direitos. Costumavam bater longos papos depois das aulas e sempre dava força a Fleur, quando surgia algum problema. Educada na França, filha e viúva de diplomata, a Sra. Nadar era, como ela mesma dizia, rindo, “uma estranha para as mulheres de sua própria classe, irremediavelmente contaminada pelos hábitos ocidentais”. Abrir aquele colégio em Teerã tinha sido um ato de rebeldia, possível apenas graças a uma pequena herança deixada pelo marido. Mas ela não tinha ilusões: sabia que a maioria das suas alunas nunca freqüentaria um outro colégio depois de sair de lá. Vinham todas de famílias tradicionais que queriam educar as filhas, sim, mas sem perder o controle sobre elas. Isso tinha ficado claro também para Fleur. Dias antes, os pais tiraram duas alunas de sua classe, indignados porque ela tinha recomendado alguns contos de Maupassant. A diretora, como sempre, ficou a seu lado: — Não faz mal. Confie nos seus critérios, e se alguns pais se opõem, quem saem perdendo são eles, não nós. Ter carta branca no trabalho foi, aliás, a principal exigência de Fleur para deixar seu emprego em Berkshire e vir para Teerã. Às vezes arrependia-se dessa decisão. Sentia saudades, embora gostasse da cidade, do clima, da comida diferente. E quase desanimava com o comportamento retraído das alunas: só uma entre vinte meninas tinha uma maneira mais independente de pensar. Seu talento e vontade de aprender levaram Fleur a encorajá-la e se preocupar com ela. Em troca, Nizéa Khan transformou Fleur numa espécie de ídolo. Seus olhos brilhavam cada vez que olhava para a professora alta, esguia e tão diferente. Fleur sabia que a menina a venerava, mas isso não a incomodava. Achava que essa influência podia ajudar Nizéa a convencer os pais a permitirem seu maior sonho: entrar para a universidade. Ela devorava os livros que lhe dava, como se sua curiosidade e inteligência precisassem de cada vez mais ...

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