Livro: Casamento por conveniência - Susan Donovan Página 2

... o sua amiga. Não agora aos trinta e seis anos de idade, mas quando mais jovem. Pensou e pensou e nada. Sempre se comportara com discrição. Nunca usara sequer roupas provocantes, nem sapatos de salto tão alto e tão fino. Nem tinha mais certeza de que fora jovem um dia. Mesmo com seus cabelos vermelhos e o corpo benfeito, não seria uma dessas felizardas que viram a cabeça dos homens. Questão de personalidade. Ela observou Monté McQueen contar sua história, os cachos de seus cabelos negros acompanhando o ritmo de suas palavras. Monté era colega de trabalho por treze longos anos no Le Cirque, um salão de beleza bastante badalado. Era uma excelente estilista e a melhor amiga que Samantha já tivera na vida. Quando Mitchell decidiu deixá-la, três anos antes, Monté a confortara e orientara em como lidar com as crianças em uma situação complicada como aquela. E como vencer a raiva por ter sido rejeitada pelo marido, que, sem mais nem menos, revelou ser gay. Samantha observou as pessoas sentadas à mesa. Kara DeMarinis, uma de suas clientes mais leais, era a imagem perfeita de uma executiva que venceu na vida. Também estavam ali a proprietária do Le Cirque, Márcia Fishbacker, e as gêmeas idênticas Denny e Wanda Winston, cada qual com seu estilo oposto ao da outra. E todas elas riam com a narrativa apimentada de Monté. Menos Samantha. Precisava se soltar mais, descontrair-se. Afinal, aquela era a habitual noite de sábado, quando as amigas se reuniam para fazer o que chamavam de terapia. Nesses encontros, elas contavam piadas, mexericos e falavam todo tipo de bobagem. Mas de uns tempos para cá, Samantha vinha se sentindo cansada demais para isso. Não só o trabalho a exauria, mas os problemas financeiros. E esses eram tantos. Suspirando, tomou o último gole do aperitivo — o terceiro. Um pensamento estranho lhe cruzou a mente. — Por que é tão errado uma mulher viver sustentada por um homem? — ela falou em voz alta, sem se dar conta. � ...

� Bem, se isso não prejudicasse as crianças, podia até ser muito bom. Ah, como eu adoraria acordar entre lençóis de cetim e viver em uma casa repleta de empregados. Chofer, uma empregada com uniforme engomado e um chefe de cozinha preparando pratos sofisticados. Samantha notou os olhares surpresos das amigas. — "Tomei aperitivos demais." — Se o homem que vai sustentá-la não for velho demais, nem desagradável, não vejo mal algum nesse seu plano — Kara comentou, com naturalidade. — Isso mesmo. — Márcia deu de ombros. — Em minha opinião, as mulheres devem ter em mente um modelo de companheiro. Não basta ser rico. — E se você encontrar um senhor idoso simpático, rico e gentil, veja se ele tem um irmão — brincou Denny. — Terei de levá-la para casa, Sam! — Monté exclamou. — Não a deixarei guiar depois de você ter bebido tanto. E tem mais: não vá se esquecer de que amanhã o salão abrirá, e teremos de arrumar os cabelos não só de uma noiva como de suas damas de honra. — Meu Deus, eu odeio casamentos! — Sam gemeu. — Odeio noivas. E penteados e toda aquela felicidade que vejo estampada no rosto das moças. Tenho vontade de gritar para elas que o melhor que podiam fazer era fugir, antes que fosse tarde demais. Samantha se levantou para ir embora, jurando a si mesma que nunca mais tomaria mais do que dois drinques na presença de sua chefa. Mas Márcia não parecia escandalizada; ao contrário, observava-a com simpatia. Certamente porque conhecia todos os problemas de sua funcionária. — Vamos, Cinderela. — Monté abanou a mão. — Hora de entrar na carruagem antes que ela se transforme em uma abóbora. Kara DeMarinis se recostou na poltrona de couro, analisando Jack Tolliver com bastante atenção, consciente de que não deveria haver no mundo mulher alguma capaz de resistir ao charme de um homem como aquele. Sim, ouvira muitas das namoradas de Jack chamá-lo de monstro, canalha machista, sem vergonha ou ba ...

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