Livro: Amor estranho amor Página 3

... tando ter uns dois anos mais do que ela, estava parada junto à porta. Olhava para Regina como se a estivesse analisando, sem fazer qualquer tentativa para explicar o que desejava. — Pois não? — começou a dizer Regina. — Você é Regina Barrington? — Sou. — Eu sabia que você devia ser muito bonita. Regina ficou ainda mais intrigada, e pensou que já era tempo de descobrir o que aquela mulher estava fazendo ali. — Desculpe, mas acho que não a conheço. — Clive iria detestar se soubesse que vim procurá-la. Mas precisei vir. Meu nome é Irene Walker, esposa de Clive. Depois que Irene deixou o apartamento, Regina ainda estava em brasas. Aquele sufoco pouco tinha a ver com o calor da tarde quente. Ela ficara com as palmas das mãos molhadas de suor e a roupa colada ao corpo. Nunca se imaginara numa situação daquelas. Nunca se sentira tão constrangida em toda a sua vida. Apesar de seu amor por Clive, ficara chocada ao saber que ele procurara a esposa, antes de ir para o aeroporto, a fim de lhe propor o divórcio mais uma vez. E a revelação de que o casal tinha dois filhos pequenos fez com que o respeito que Regina tinha por ele diminuísse. Eram dois fatos importantes que Clive havia ocultado. — Clive me telefonou antes do café da manhã — dissera Irene Walker. — Disse que estava de partida para os Estados Unidos, e queria ter certeza de me encontrar em casa, para não ir até lá à toa. Como ele não vai passar o Natal aqui em Londres, pensei que quisesse fazer uma surpresa às crianças. — Crianças? — Ele não lhe contou sobre as crianças? Estranho. Clive não se envergonha delas. Todos os sábados leva os meninos para passear. Aquilo explicava por que Clive nunca saía com ela aos sábados. — Tommy tem seis anos e Dawn tem cinco — continuou Irene. Ela não tinha necessidade de mencionar o nome das crianças. Regina já estava se sentindo bastante culpada ao saber da existência dos filhos; não era preciso ...

dar nome àquelas criaturinhas que tinham o mesmo sangue de Clive, e que eram produto do amor que ele, um dia, sentira por aquela mulher. Irene assegurou que a visita de Clive tivera por finalidade insistir no pedido de divórcio. — Mas eu neguei — continuou a mulher. — Foi então que Clive me falou de você. Disse que pretendia se casar novamente. que a amava. — A voz de Irene ficou entrecortada, numa clara demonstração de que ainda sentia amor pelo marido. — Ele não ficou muito satisfeito com minha negativa, mas me recusei a discutir o assunto, e começamos a falar sobre outras coisas. principalmente sobre dinheiro — acrescentou sem entrar em maiores detalhes. — A segurança económica de meus filhos é muito importante, de forma que eu quis saber que providências ele tinha tomado em caso de acidente aéreo ou algo semelhante, enquanto estivesse no exterior. Seguros de vida demoram séculos para serem resolvidos, e as crianças não param de crescer. A menção constante aos filhos de Clive e o fato de que eles estavam crescendo, necessitando da assistência paterna, eram um sofrimento para Regina. A única coisa que podia fazer era evitar que a emoção que sentia transparecesse. — Clive me disse que tomou providências a esse respeito, que eu serei considerada beneficiária dele, e que a empresa está a par disso. Acho que eu estava vendo as coisas pelo lado mais negro. — disse Irene, com um sorriso de autocomiseração. — O fato é que, sabendo o quanto Clive parece se importar com você, pedi seu endereço. Para o caso de acontecer alguma coisa grave com ele. Você sabe. os jornais estão sempre noticiando desastres aéreos e coisas do género. Eu disse a Clive que, se acontecesse algo sério, você seria informada. Então ele me disse onde você mora. e me fez prometer que só a procuraria em caso extremo. — Mas você quebrou sua promessa — observou Regina, apesar de não considerar isso muito importante. O mais impo ...

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