Livro: Amor estranho amor Página 2

... a lhe dizer não era um pedido de casamento, mas de concubinato! — Ele quer se casar comigo. O problema é que a esposa não quer lhe conceder o divórcio. O olhar duro de Bella fixou-se na irmã. Regina era apenas três anos mais nova, mas não tinha um terço da experiência da irmã. — E o que você decidiu? Terminar tudo ou tornar-se amante dele? O rosto de Regina ficou vermelho. — Bem, eu.: eu ainda não resolvi. Da maneira como ele colocou as coisas, não me pareceu tão condenável. Só pude me refazer do choque e analisar melhor a situação depois que fiquei sozinha. E acho que. que não posso viver sem ele. — Em resumo: você está pensando em viver com ele sem se casar, certo? — Sei que para certas pessoas isso soa mal. Mas é que eu o amo. Quando estou ao lado dele, nada mais importa. Mas importava, e Regina sabia disso. Seria capaz de contar aos outros que vivia com um homem casado? E quando as colegas de trabalho descobrissem, como se sentiria? Mas haveria outra alternativa? Regina não estava disposta a ficar longe de Clive. — Diga-me uma coisa, querida: você e Clive já dormiram juntos? — Ainda não. — Ele nem sequer tentou? — Sim. já tentou. — Não percebe, queridinha, que isso não seria justo? Você tinha apenas nove anos quando fomos morar com nossos avós, que nos educaram à maneira deles. Sei que isso soa antiquado, mas você não seria capaz de aguentar uma situação como a que Clive propôs. Queira ou não, sua formação moral não a deixaria ser feliz. Horas depois, ainda sem sono, Regina refletia sobre as considerações da irmã. Talvez Bella tivesse razão. Sim, amava Clive com todas as forças, mas seria difícil suportar tudo o que uma situação daquelas acarretaria. Ainda não estava preparada. "Oh, se ao menos eu pudesse dormir! Se eu pudesse descansar o suficiente para pensar melhor!" O impasse ainda a abalava quando, na manhã seguinte, Regina se levantou. Bella ainda dormia; não tinha ho ...

ário, pois não estava mais trabalhando. Desistira da carreira de bailarina ao voltar de uma temporada na América do Sul, no mês anterior. A decisão de casar com James não lhe possibilitava novas oportunidades de trabalho. Coisa mais estranha, aquela. James e Bella tinham tido uma briga feia, quando ela assinara um contrato que a manteria no exterior até março. James a ameaçara com um "ou a América do Sul ou eu". Mas, àquela altura dos acontecimentos, já era tarde demais. O contrato fora assinado e Bella partiu. Mas, depois de um mês, já estava de volta; conseguira desvincular-se do contrato, não se sabia como. Quando soube que ela fizera isso por causa dele, deicidira se casar logo e sem perda de tempo, dando um adiantamento para a compra de uma casa em Stratford-on-Avon, onde trabalhava como arquiteto. Regina e Clive já tinham ido conhecer a casa. Haviam dado um belo passeio por Stratford. Tinham feito uma longa caminhada ao longo do rio. E agora Clive estava indo para os Estados Unidos, deixando-a com uma resolução difícil para tomar. Aquela terça-feira pareceu interminável. Por fim, chegou a hora de cobrir a máquina de escrever e atravessar os subúrbios de Londres em seu pequeno carro, cuja compra acabara com suas economias. Bella havia ido até a nova casa, sob o pretexto de tomar algumas medidas. Na realidade, porém., queria aproveitar todas as oportunidades para estar ao lado de James. O dia fora excepcionalmente quente para o mês de dezembro, e Regina pensou que aquele mormaço poderia ser o prenúncio de um temporal. "A esta altura, Clive já deve ter desembarcado em solo norte-americano." Teve esperanças de que ele lhe telefonasse, apesar de terem combinado que não procurariam se comunicar. Oh, como poderia lhe dizer que não o aceitaria, se a expectativa de tornar a vê-lo já a impelia a dizer "sim"? Alguém tocou a campainha e Regina foi atender. Uma mulher do tipo mignon, vestida com elegância discreta, aparen ...

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