Livro: Lições do Coração - Diana Palmer Página 4

... ntão, antes que perceba, está no meio de uma inundação. — Também temos enchentes repentinas na minha terra. — lembrou ele — Conheço bem os perigos. — Quis apenas relembrá-lo. — disse ela, odiando a preocupação que a traía, mesmo contra sua vontade. Os olhos escuros se estreitaram e Tyler sor¬riu, irritado pela atitude aviltante de Nell. — Quando eu precisar de babá, querida, eu direi. — falou ele, pronunciando as pala¬vras com o lento sotaque texano. Nell tentou não reagir ao que era descara¬damente um insulto. — Se tiver uma oportunidade amanhã, gostaria que falasse com Marlowe sobre o linguajar dele. Uma das hóspedes reclamou que está cansada de ouvir palavrão toda vez que ele sela um cavalo para ela. — Por que você mesma não fala com ele? Nell engoliu em seco. — Você é o administrador. Colocar os ho¬mens na linha não é o seu trabalho? — Se a senhora está dizendo, madame. —Tyler inclinou a aba do chapéu num gesto insolente. Nell pôs a montaria em movimen¬to tão depressa que quase caiu quando açoi¬tou o lombo do animal. Então, incitando o cavalo a um trote mais lento acalmou o ani¬mal, acariciando-lhe a crina enquanto mur¬murava desculpas. Sabia que Tyler presen¬ciara aquela atitude desesperada e se sentiu ainda pior por isso. Era a última pessoa na fazenda que machucava um cavalo de propó¬sito, mas aquele homem possuía um talento incrível para mexer com seu temperamento. Ele a observou partir, com o cigarro esque¬cido entre os dedos bronzeados. Nell era um enigma. Não era como as mulheres que ele conhecera e tinha truques que o intrigavam. Ressentia-se por terem se tornado antagôni¬cos. Até mesmo quando ela era agradável, havia sempre uma reserva, uma amargura impedindo a aproximação. Ela parecia enri¬jecer quando precisava falar com ele. Tyler exalou um suspiro. Não tinha tem¬po para ficar sonhando. Precisava encontrar os seis pequenos bezerros antes do anoitecer. Virando ...

as rédeas do cavalo, dirigiu-se à tri¬lha por entre os arbustos. Nell rumou em direção à casa principal do hotel-fazenda. Não estava nem um pouco a fim de ver Marguerite, mas não fora capaz de arrumar uma desculpa para manter a ruiva distante. A observação de Tyler sobre Margie ainda a irritava. Ele a achava atraente e não era por causa dos parentes que Marguerite queria passar um tempo no hotel. Ela o que¬ria. E tinha deixado isso bem claro. Margie era mesmo bonita. Era ruiva, ti¬nha olhos verdes e fora abençoada com um físico que ficava bem com qualquer coisa. As duas sempre sé deram bem, contanto que nenhuma delas se lembrasse do que ocor¬rera nove anos atrás. Fora a cunhada quem ajudou Nell a pôr cicatrizes em suas jovens emoções. Jamais conseguira esquecer o que havia acontecido. Por outro lado, não fora preciso Tyler chegar para ela perceber com que freqüência Marguerite a usava. A mulher era impulsiva e não pensava duas vezes antes de convidar amigos para passar temporadas no hotel e fazer cavalgadas, deixando os dois filhos aos cuidados de Nell. Essas atitudes nunca a aborreceram mui¬to, mas, nos últimos tempos, vinha se sen-tindo esquisitamente inquieta e inflexível. Não gostava da idéia de Marguerite passar dois fins de semana por mês no hotel. De¬veria ter-lhe dito isso. Ceder às vontades da cunhada se tornara um hábito. Mas isso esta¬va prestes a acabar. Já havia lhe dado alguns sinais inconfundíveis de que a pequena Nell não estava mais disposta a continuar sendo manipulada. Margie só ia até lá para ver o belo texano, não tinha dúvidas. Lamentava pelo que ela poderia ter sentido por Tyler se ele não tives¬se deixado sua falta de interesse tão aparente. Mas aquilo não importava. Margie deixara bem claro que gostava de Tyler, e Nell sabia que não podia competir com uma mulher mais experiente. Por outro lado, estava can¬sada de permitir que ela a fizesse de capacho. E chegara a hora de lhe dizer isso. ...

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