Livro: Sozinha no mundo
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... Violet Winspear Digitalização e revisão: Tinna Título original: The Strange Waif (1962) Coleção: Julia 160 (1982) Protagonistas: Lígia Blair & Robert Chase Foi em meio a uma noite escura e chuvosa que uma garota assustada surgiu no solar dos Chase, saída do bosque de Devon. Mais irreal que sua aparição, era sua história: ela só sabia que se chamava Lígia. Avery Chase acreditou nela, mas Bob, seu primo, achou que ela não passava de uma vigarista, disposta a arrancar deles o que pudesse. Levada por um impulso, Lígia queria provar a Bob, aquele demônio sem coração, que falava a verdade, que se esforçava para recordar o passado. Sua única pista era a marca de anel que tinha na mão esquerda, e que lhe dava muito medo. Como se não bastasse, Bob ainda se divertia, torturando-a, e tarde demais Lígia entendeu por que ele fazia isso. Copyright: VIOLET WINSPEAR Título original: "THE STRANGE WAIF" Publicado originalmente em 1962 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: LUIZ ANTÔNIO CHAGAS Copyright para a língua portuguesa: 1982 ABRIL S.A. CULTURAL E INDUSTRIAL Caixa Postal 2372 — São Paulo Composto e impresso em oficinas próprias Foto: THE IMAGE BANK CAPÍTULO I — Meu caro Avery, não me diga que você acredita mesmo que essa garota fala a verdade?! É incrível! Normalmente você é o primeiro a suspeitar dessas estórias estranhas. E logo um caso de perda de memória! — Robert Chase parecia admirado, olhando para Avery Chase, seu primo, com uma expressão divertida e irônica. Ele poderia esperar aquele comportamento de todo mundo, menos de Avery. O dr. Avery Chase havia clinicado durante um bom tempo em Londres, na Harley Street. Agora fazia pesquisas químicas em sua casa, perto do bosque de Devon. Ele tinha pouco mais de trinta anos, seu ar grave, quase insondável, fazia com que parecesse mais velho. Avery era um homem compenetrado e cauteloso. Por ...

sso Robert ficou tão surpreso ao ver a maneira impulsiva com que ele recebeu aquela garota desconhecida em sua casa. — Bob, me diga uma coisa, quem é o médico aqui, você ou eu? — Avery estava tão nervoso com os comentários do primo, que se atrapalhou com o cachimbo, deixando cair um pouco de cinza em sua calça. Robert sorriu, olhando para o cigarro que fumava; era um sorriso cínico, estudado. Enquanto limpava as cinzas de sua calça, Avery pensou coro amargura nas mulheres que tinham sido conquistadas por aquele sorriso, principalmente quando era iluminado pelas luzes de um palco de teatro em Londres. Robert era ator. E agia na vida como se estivesse em cena. — O problema com os médicos modernos, meu velho — ele respondeu, implicando com Avery —, é que em vez de guardar seus segredinhos. como antigamente, saem correndo para publicá-los em livros enormes que acabam tentando as menininhas. Robert pontuava suas palavras com o cigarro; costumava repetir esse gesto sempre que falava em público e isso o deixava satisfeito. — Veja bem, Avery, eu poderia decorar todos os sintomas de amnésia, descritos num desses livros de Medicina, e repeti-los ao pé da letra. Você tomaria meu pulso, que a esta altura estaria aceleradíssimo, pois eu estaria mentindo, e diria "oh, pobre rapaz, ele perdeu a memória!" — Eu diria isso? Diria mesmo? — Avery se divertia com a ingenuidade do primo. O sorriso que apareceu em seu rosto afastou seu ar sério, deixando claro que ele era ainda um homem jovem, pouco mais velho que Robert. — Diga-me, Bob, por que você insiste em duvidar dessa garota que, com toda certeza, perdeu a memória? Robert pensou no assunto longamente, enquanto se recostava na mesa do primo, bastante bagunçada: eram papéis cobertos de símbolos químicos, números de telefones anotados, uma fivela de sapato de mulher, e um estetoscópio guardado dentro de uma caixa de cristal trabalhado. Ele achou engraçado reparar naquela confusão, ...

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