Livro: Buquê de Espinhos Página 2

... amarrou as fitas da touca sob o queixo. — Ele vai pensar que virei empregada — mur¬murou, ajeitando os ombros e indo ao encontro do homem. Era tarde demais para se preocupar com a apa¬rência agora. Galante como era, John com certeza compreenderia. A porta levadiça começou a subir aos poucos, rangendo a cada puxada das cordas. Será que ela deveria ter concedido a entrada antes, em um sinal de boas-vindas? Ou será que ele veria nisso uma imprudência, que os deixaria vulneráveis a ata¬ques? Hetherston ficava bem perto da fronteira, onde marginais rondavam. Desde que morava aqui, nenhum se atrevera a nada, mas achou melhor não oferecer-lhes a tentação de uma porta aberta. Alys mordeu os lábios e os umedeceu, depois ensaiou um sorriso. Cavaleiros enchiam o pátio. Em um pequeno grupo de cerca de 12 homens. Qual deles seria John? Seu olhar foi de homem a homem. Será que ainda o reconheceria? Será que ele mudara muito? Como ele estava lindo no dia em que firmaram compromisso diante dos pais e de vários convida¬dos. Ela se recordou de como ele era pelo menos trinta centímetros mais alto do que ela e de como ficava maravilhoso, com a espada e as esporas de ouro. No entanto, lembrou-se melhor do encanta¬dor sorriso que deixava à mostra os perfeitos den-tes brancos e dos alegres olhos azuis. Outros deta¬lhes de suas feições haviam desaparecido da me¬mória ao longo dos anos. Será que ainda o reco¬nheceria? Um dos homens rapidamente desmontou e se aproximou dela. Este não podia ser John. O sujeito era quase tão baixo quanto ela. E tão gordo quanto o padre Stephen. Ao examinar mais de perto as vestimentas dele, Alys chegou à conclusão que ele não era cavaleiro. — Olá. Seja bem vindo a Hetherston — disse. Os habitantes do castelo aproximavam-se, formando um arco em volta dos cavaleiros, com certe¬za, curiosos para ver o filho da casa que retornava. — Meu nome é Simon Ferrell. Sou escudeiro de Sir. quer dizer, Lorde John. Jo ...

n herdara a baronia quando o velho lorde morreu, seis meses atrás, de modo que não era mais apenas um Sir. Ele era um Lorde. Lorde Greycourt de Hetherston. Alys voltou a observar aqueles ainda montados, mas Ferrell pigarreou para chamar sua atenção. — Ah, sim, Sr. Ferrell. Onde ele está? — perguntou ela. — Aqui! — veio uma voz de cima de um dos ca¬valos ali perto. — Onde está minha caneca, mulher? Aliviada por ouvir John falar, Alys se voltou para ele, ignorando o tom irritado do homem. Sem dizer uma palavra sequer, ela notou a palidez do amado, as olheiras fundas e a finura dos lábios. Será que ele estava sentindo dor? Oh, meu Deus, nem mesmo se lembrou da cane¬ca de boas-vindas. Que tipo de esposa daria, se era incapaz de prestar até mesmo o mais simples dos serviços ao marido que estava retornando? — Vou buscá-la! — disse, dando meia-volta. — Espere! — ordenou ele, descendo da sela, com um certo esforço. — Deixe para lá. Prefiro to¬mar meu vinho no salão. Ferrell veio correndo oferecer-lhe apoio. — Como quiser. — respondeu Alys, apressando-se também a ajudá-lo no lado oposto ao que es¬tava o escudeiro. Ele recuou, lançando-lhe um olhar ameaçador. Qual seria o problema dele? Infelizmente, o pequeno Walter escolheu este exato momento para aparecer. O menino lourinho surgiu de repente e puxou a bainha da túnica de John. — Sou Walter — anunciou. — Você deve ser Johnny! — Walter, vá já lá para dentro — disse Alys, apontando para o castelo. — Poderá falar com ele mais tarde, quando o Lorde estiver descansado. Obedeça-me, ou ficará sem sobremesa no jantar. O garoto deu duas cambalhotas, exibindo sua nova travessura, depois, saiu correndo, rindo. Com as mãos nos quadris, Alys sacudiu a cabeça e se¬guiu os homens. — Por favor, perdoe-o, meu senhor. Ele está apenas feliz por vê-lo. Todos nós estamos. É muito bom tê-lo em casa. — Quem é ele? A pergunta foi feita em tom rude, q ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: