Livro: Algo Irresistível Página 2

... lpelo, que não temos com o que cortá-lo. Normalmente, tanta zalamería teria produzido seu efeito em seguida, mas esse dia o doutor Mahoney estava muito cansado e irritável. Levava recebendo pequenos desgostos todo o dia, e não tinha vontades de seguir mais tempo no hospital. O dia tinha sido suficientemente largo, e, além disso, era sexta-feira. Uma sexta-feira no que nada lhe saía bem. Nada de nada. Seu fantástico BMW tinha um ruidito estranho, e ele, o doutor Seth Mahoney, gênio da mecânica, não conseguia dar com a causa. Ao sair do carro, empapou-se, enquanto percorria à carreira a distância entre o estacionamento e o hospital, porque ele, o doutor Seth Mahoney, gênio da organização, deixou-se o guarda-chuva em casa. E, ao tirar-se sua roupa e ficá-la do hospital, viu que ele, o doutor Seth Mahoney, dandy entre os dandys, levava um meia três-quartos de cada cor. Por fortuna, a operação da senhora Hammelman tinha ido bem. Bom, depois de tudo, ele era um dos melhores neurocirujanos de New Jersey. e, para não ficar curtos, dos Estados Unidos Mas todo o resto tinha ido de pena. Quando teve um momento para escapar a comer, na cafeteria não ficavam nem sándwiches; pelo menos, não os que gostavam a ele. Na máquina de refrescos, acabou-se o suco de laranja. Depois, a caixa automática que havia no vestíbulo do hospital teve a bem lhe comunicar que ele, o doutor Seth Mahoney, gênio das finanças, tinha um descoberto de três dólares com oitenta e seis centavos. E levava como três horas com uma dor de cabeça que não cedia com nada. E, se por acaso fora pouco, era sexta-feira. Era sexta-feira e ele, o doutor Seth Mahoney, objeto de desejo de tantas mulheres, não tinha ficado com ninguém. Ninguém tinha ficado com ele, repetiu-se uma vez mais, sem deixar de sentir o mesmo assombro que todas as vezes anteriores. Mas, como podia dar uma contingência assim? Como fora, considerava que levava muitas horas no hospital, e o último que gostav ...

de era seguir de festa com seus companheiros. Queria ir-se a casa, tirá-los sapatos, e com eles, suas desemparelhados meias três-quartos, fazer um sándwich dos que lhe gostavam, e que, é obvio, estaria muito melhor que os da cafeteria do hospital, abrir uma garrafa de suco de laranja, ou melhor, dois, e chamar à linha de, atenção tal cliente de seu banco, para pôr o grito no céu pelo inexistente descoberto de sua conta. Certamente, com tudo isso não solucionava o ficar com alguém, e a verdade era que não ocorria a quem convidar a sair. Pelo menos, não lhe ocorria ninguém que o fora a dizer que sim, e, de momento, não tinha muito interesse por. O que fora que estava pensando não o acabou nunca de pensar, graças à mulher que entrou nesse momento a toda pressa na sala onde se celebrava o compromisso de bodas do Renee. Seth se encontrou sorrindo de orelha a orelha, à vista do Prudence Holloway, a mulher mais incitante, irritante e imprevisível que lhe tivesse cabido em sorte conhecer. além de ser a que tinha o nome que menos lhe pegava, disse-se, e seu sorriso se acentuou ainda mais. «Prudence. No que estariam pensando seus pais?» devia-se a si mesmo o tentar sair com ela uma vez mais. —Olá a todos —saudava nesse momento aos pressente, sem fôlego, a recém chegada, tratando ao mesmo tempo de colocar-se um pouco o cabelo, passando-a mão. Empenho inútil, porque seus cachos acobreados escuros se agitavam com cada movimento dele, e ela estava sempre em movimento. Em geral, ao Seth gostava do cabelo comprido nas mulheres, mas, no caso do Prudence, adorava que esses cachos não chegassem a lhe cobrir a nuca. Tinha um pescoço precioso, entre outras muitas coisas. Indevidamente, seu olhar escorregou para a região coberta pela relatório jaqueta do hospital. Embora, por desgraça, carecia de dados de primeira mão, tinha o convencimento de que essa gosta muito sem forma ocultava umas formas realmente espetaculares. Mas a verdade era que a ...

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