Livro: Bela e Selvagem Página 4

... raiu-o para a garota de cabelos negros a sua frente, Missy podia ser um gato selvagem mim momento e uma sereia meiga e doce no outro. Conseguia deixá-lo maluco como jamais outra mulher fizera, e durante todo o ano em que se conheciam jamais demonstrara interesse algum pela fortuna de Brooks, ou por qualquer outra coisa que viesse dele, pensou, sorrindo. "Bem diferente de Violet." Franziu a testa, imaginando de onde teria vindo aquela idéia. Talvez a luz dos candelabros, o órgão tocando na tarde quente e tranqüila, tudo contribuísse para trazer de volta emoções esquecidas. E a lembrança da proposta de casamento que fizera um dia. Mas fora um outro homem, numa outra etapa, Agora seus dias eram cheios de trabalho e de confrontos com o atrevimento de Missy. Na verdade, Missy O\'Bannion podia arrasar um sujeito apenas com o olhar, mas, sob a aparência agressiva, era honesta e franca. O tipo de moça com quem se podia cruzar rios e escalar montanhas. Sorriu. Pelo jeito estava começando a pensar como Clell, o vaqueiro irascível, mas cheio de uma sabedoria simples e profunda. E a idéia o fez sorrir ainda mais. De repente, Brooks e Missy encaram-se. Os olhos dela, muito escuros, refletiam a luz das velas como raios de sol surgindo ao amanhecer. Brooks nunca notara antes como eram grandes e expressivos. — Diante de Deus e de todos os presentes. — falava o pastor. Brooks arrumou a lapela do terno escuro, procurando ouvir o que dizia o sacerdote. Missy mexia-se, inquieta, e a atenção de Brooks voltou-se de novo para ela. Será que estava nervosa? Não, decerto que não. Missy O\'Bannion era equilibrada, firme. Contudo, se não estava nervosa, por que parecia tão inquieta no vestido de cetim azul-pavão? Franzindo a testa, Brooks observou-a, desejando confortá-la. Só que não iria fazer isso. Durante o último ano, Missy fizera de tudo para aborrecê-lo e pô-lo contra a parede. Se estava estranha ou inquieta, serviria de lição para aprender a se ...

menos agressiva. Pouco se importava com os sentimentos de Missy, ou de qualquer outra jovem. O dia-a-dia no Novo México lhe ensinara que um lobo solitário pode sobreviver muito bem. E era isso o que desejava: ficar só, livre, sem compromissos, e são. Nada das loucuras do amor, dos sentimentos intensos. Pretendia permanecer solteiro, como Clell. Esse, sim, era um homem que sabia o que queria e o que era. Ensinara a Brooks como manejar uma corda, laçar e cavalgar. E também como enfrentar os destemperos de Missy. — Trace Liam O\'Bannion, aceita. Trace inclinou-se, beijando Bellami na face, o que era um tanto impróprio na hora dos votos formais. Mas Brooks não estranhou, já que por ali os homens faziam o que queriam, sem seguir regras ou convenções sociais. Missy deu outro puxão na roupa, e Brooks tornou a fitá-la. Ela estava sorrindo, e parecia um anjo cheio de amor e inocência. Um repentino calor percorreu-lhe as veias ao vê-la assim. — Bellami Irene James, aceita. A imagem de Violet Ashland surgiu na memória de Brooks. A lembrança da mulher elegante e fria quase se materializou diante dele. E então estudou Missy. Na mesma medida em que Violet fora gélida, Missy era puro fogo. Brooks viu-se sorrindo sem querer, ao recordar as freqüentes explosões do temperamento de Missy. Se fosse honesto consigo mesmo, admitiria gostar daqueles confrontos. O gosto dele pelo sexo oposto mudara muito, ou ele mesmo tinha mudado, depois de viver no território rústico e selvagem. Não era o mesmo que descera do trem um ano atrás. E se algum dia, e Brooks não acreditava que fosse acontecer, resolvesse mudar de estilo, Missy estaria por ali. Brooks concluiu que Missy O\'Bannion era uma pessoa com quem se podia contar, que jamais seria diferente do que era. Seria sempre Missy, e estaria ligada ao Rancho Círculo B até o fim. Isso era muito reconfortante, e Brooks decidiu que era bom ter essa idéia em mente. — A aliança, por favor. Brooks pegou o ...

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