Livro: Três horas de loucura Página 2

... órios a respeito do nosso relacionamento. — O que é muito natural — a mãe protestou. — Você trabalha para ele há tanto tempo. . . e vocês saíram juntos várias vezes. — E, baseado numa coisa tão natural, todo o povo de Aberdeen está esperando ouvir os sinos da igreja badalarem no meu casamento — Loren retrucou cinicamente. — Você não é mais criança, Loren! Já completou vinte e cinco anos! — Exatamente! — Loren esforçou-se para manter a calma. — Agradeço a preocupação de todos, mas confesso que essa atitude está se tornando aborrecida e embaraçosa, tanto para mim como para os homens que queiram correr o risco de ser vistos na minha companhia. — Matt Kruger nunca se aborreceu por causa disso — insistiu a mãe, e Loren soltou um suspiro. — Matt é uma pessoa ótima. Tenho certeza de que será um excelente marido para qualquer mulher que casar com ele. Só que eu não pretendo ser essa mulher. Foi a vez de Jean suspirar. — Às vezes eu acho que você simplesmente não pensa em ca-samento! — Não é verdade, e você sabe disso, mamãe. — É que ela ainda não encontrou o homem certo — o pai inter-feriu pela primeira vez. — O homem certo! — Jean repetiu, desdenhosa. — O problema é que Loren nunca dá chance a homem algum para mostrar se ele é certo ou errado. — Olhe só quem fala! — Will exclamou, olhando para a mulher com um sorriso maroto. - Você tinha vinte e oito anos quando a conheci e, até então, nunca tinha se interessado por ninguém. Mas foi só eu chegar e você caiu a meus pés, se derretendo toda! — Caí a seus pés coisa nenhuma! — Jean protestou, indignada. — Quase. Lembre-se de que nos casamos em apenas dois meses. — Isso é verdade — admitiu a mãe. — Confesso que eu já estava ficando aflita de ver todas as minhas amigas casando e tendo filhos. Mas só por causa disso não iria casar com o primeiro homem que en¬contrasse. Se você não aparecesse na minha vida, ...

ill, a esta hora eu estaria fazendo tricô para os sobrinhos. E o que receio que aconteça a Loren — completou, lançando um olhar ansioso para a filha. Mas não houve argumento que fizesse Loren desistir de seus planos e os pais acabaram se conformando. Na véspera da partida, ela foi sentar-se na varanda da casa. Contemplou pela última vez aquela pai¬sagem tão querida e familiar. Sentia-se tristonha, apesar de já ter um emprego garantido em Joanesburgo, com um excelente salário. E Aberdeen tinha se tornado insuportável, com toda aquela gente intrometida e seus mexericos. Não adiantava ficar remoendo isso agora. Se quisesse viajar cedinho no dia seguinte, seria melhor ir logo para a cama. Estava inquieta demais para dormir. Ficou rondando pelo quarto até que o espelho do guarda-roupa refietiu a imagem de uma moça alta e esbelta, de cabelos loiros naturalmente ondeados, que lhe chegavam até os ombros. Apesar de não ter o costume de ficar se contemplando em frente ao espelho, continuou a examinar sua aparência. Os olhos, valorizados por longos cílios escuros, eram uma mistura de castanho e dourado, mas tinham agora uma expressão conturbada. As faces pare¬ciam um pouco pálidas. O nariz, pequeno e reto, tremia de ansiedade, e a boca carnuda estava repuxada numa linha reta de preocupação. Apesar de seu estado de espírito atual, era uma moça muito atraente. Entretanto, nenhum homem se aproximara dela o suficiente para descobrir suas qualidades e perceber o que havia por trás daquela frieza aparente. Com exceção de Matt Kruger. Matt! Lembrou-se dele ao sentar-se na cama e olhar as malas, já prontas para a partida no dia seguinte. Matt podia ser um profissional duro e exigente, mas como homem era bondoso e compreensivo. Depois de quatro anos trabalhando juntos, havia nascido uma grande amizade entre eles. Matt fora o primeiro a perceber que as pressões exercidas sobre ela estavam se tornando intoleráveis. — Você precisa se afastar daqui ...

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