Livro: Brilho do Desejo Página 3

... riq tinha acertado ao supor que ela havia passado a tarde inteira se embelezando, pensou friamente, o olhar experiente percorrendo-a por inteiro. O que significava que as prioridades dela não ti¬nham se modificado nem um pouco nos cinco anos que ficaram sem se ver. Porém havia mudanças, ele notou, ao ver a manei¬ra como ela descia a escadaria, com a graça sutil de uma bailarina. Seu porte agora era diferente. Já não era mais a adolescente sem graça e tímida; ela agora era elegante e sofisticada. A garota que ele conhecera tinha se transformado em mulher. Embora disfarçando, ele se sentiu todo retesado por dentro, num violento surto de lascívia. Um desejo ar¬dente e feroz apossou-se de seu corpo atlético e esbelto e, por um instante, sentiu-se tentado a arrastá-la do salão e possuí-la. O que comprovava, ele pensou, que a libido mascu¬lina não era um bom juiz de caráter nem tinha a menor ligação com o cérebro. Irritado pela violência de sua reação, ele a observava em silêncio enquanto ela passava entre as mesas, pa¬rando de vez em quando para cumprimentar alguém. Era uma namoradeira consumada. Uma belíssima mulher que sabia usar com perfeição os dons com que a natureza a dotara. E ela atravessou a sala, brilhando mais que uma estrela, ao se encaminhar para a mesa reservada com um grupo de amigos. A mesa era ao lado da dele. Tariq sabia disso por¬que tinha instruído muito bem seus funcionários, e, como uma fera que espreita sua presa, ele permaneceu imóvel, esperando que ela o notasse. Estava cada vez mais tenso. A qualquer instante. Ela trocou algumas palavras com um homem que passava, depois largou a bolsinha na mesa e virou-se, ainda sorridente. E o viu. Empalideceu, e o sorriso brilhante extinguiu-se imediatamente, como uma chama vibrante mergulha¬da em água fria. Algo vulnerável lampejou no fundo de seus lindos olhos verdes e, por um breve momento, ele viu a ga¬rota novamente. Parecendo alguém que sofrerá um ...

choque violento, ela afastou os olhos dos dele, apoiou-se numa cadeira e respirou fundo. Observando com satisfação arrogante o efeito de sua presença sobre ela, Tariq concluiu que sua tarefa seria tão fácil quanto imaginara. Endireitando os ombros, ela o olhou inexpressivamente, inclinou a cabeça na direção dele e depois virou-se para os amigos — nada em seu comporta-mento sugerindo que ele fosse mais do que um mero conhecido. Bancando a indiferente. Tariq refletiu que, embora nunca misturasse os ne¬gócios com prazer, não teria nenhuma objeção a se entregar ao prazer assim que o negócio se realizas-se. E, ainda que o casamento com a herdeira Tyndall fosse um negócio, a noite de núpcias definitivamente seria um prazer. Exatamente quarenta dias e quarenta noites de prazer. De súbito, o casamento pareceu-lhe bem atraente. Ela precisava fugir. Farrah estava em um canto escuro do terraço. A noite estava quente e úmida, mas ela tremia como vara verde. Esfregou os braços com as mãos para se aquecer, mas não adiantou. O frio estava bem dentro dela. Se houvesse um jeito de ir embora sem ninguém notar, já teria ido, porque ficar na mesma sala com Tariq era uma agonia. Ela nem sabia que ele estava no país. Se soubesse, teria feito qualquer coisa para não correr o risco de se ver frente a frente com Tariq. Especialmente sem aviso. Nenhuma chance de se preparar mentalmente para a angústia de revê-lo. Uma olhadela naqueles olhos escuros exóticos, e ela havia se transformado em uma colegial novamen¬te. Uma adolescente desajeitada, loucamente apaixo¬nada, completamente insegura. Ela não tinha sido boa o suficiente para ele. Ele havia destruído sua autoconfiança, e ela só que¬ria se esconder num canto escuro até ter certeza de que ele tinha voltado para Tazkash. O jantar tinha sido uma tortura sem fim, enquanto ela conversava e ria, tentando não revelar sua aflição aos amigos. E estivera consciente dele o tempo todo. Sentada de ...

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