Livro: A Noiva Acidental Página 4

... o, estava totalmente decidido a dispor da única filha que ficava para fazer sua vontade. Phoebe cruzou o salão, murmurando entre dentes, sentindo como o frio das lajes lhe atravessava as meias. A lembrança do teimoso egoísmo de seu pai lhe infundiu valor. O que estava aponto de fazer a assustava. Tentar fugir daquela maneira era uma verdadeira loucura, mas não se casaria com um homem que logo que era consciente de que ela existia. A grande porta de carvalho tinha os ferrolhos jogados e estava trancada. Deixou no chão as botas e a bolsa e levantou a barra de ferro. Pesava muito, mas conseguiu colocá-la sobre os suportes de um dos lados. Estirou o braço e abriu o primeiro ferrolho; ato seguido se agachou para repetir a operação, com o segundo, situado na base da porta. Respirava agitadamente e, pesadamente por causa do frio, entre seus peitos se acumulavam pérolas de suor. Não era consciente de nada salvo da porta, sua imponente solidez frente a ela o ocupava tudo, tanto a nível interior como exterior. Abriu-a devagar. Sofreu o ataque de uma glacial rajada de ar. Inspirou profundamente. E então a porta se fechou de súbito. Havia um braço estendido por cima de seu ombro e uma pálida mão repousava na ombreira da porta. Phoebe fixou o olhar na mão., no braço., atônita por completo. De onde tinha saído? Percebeu, a colides do corpo as suas costas, uma figura grande que lhe cortava a retirada justo quando a porta, agora fechada, lhe impedia de avançar. Voltou à cabeça, elevou os olhos e enfrentou o desconcertante e claro olhar irritado de seu futuro noivo. Provo marquês do Granville, observou-a em silencio durante uns segundos. Depois do ameaçador instante, a voz dele assustou-a. —Por Deus santo, Phoebe, o que está fazendo? Tal como estava acostumado a lhe ocorrer aqueles dias, sua voz, potente e magnífica, provocou-lhe um calafrio que lhe percorreu as costas. Durante um momento, não encontrou as palavras adequadas e ficou olha ...

do, muda e com a boca aberta como se do parvo do povo se tratasse. —Ia dar um passeio, senhor - respondeu, apesar do absurdo que soava. Provo a olhou incrédulo. —Às três da madrugada? Não me faça rir. —Avivou o olhar e entreabriu os olhos, quase do todo negros na escuridão da sala. Olhou a bolsa e as botas, perfeitamente colocadas uma ao lado da outra—. Um passeio, né? —disse com indisimulado sarcasmo—. E nada menos que meio-fio só com meias. —Pôs-lhe as mãos sobre os ombros, apartou-a até lado e voltou a correr os ferrolhos e a colocar a barra em seu sítio. O forte ruído metálico soou para Phoebe, havida conta de seu melodramático estado de ânimo, como um verdadeiro tangido fúnebre. Provo se agachou para recolher a bolsa e com um seco «vamos» se dirigiu para a porta traseira da sala que comunicava com seu escritório. Phoebe olhou suas botas, encolheu os ombros com triste resignação, e as deixou onde estavam. Caminhou depois das largas costas do marquês, advertindo, mal que lhe pesasse, como o esplêndido veludo da camisola acariciava seus poderosos ombros e lhe caía até os calçados tornozelos formando elegantes dobras negras. Estava a ponto de deitar-se? Como podia ter sido tão tola em não reparar na linha de luz sob sua porta? Não tinha chegado a pensar que alguém pudesse estar levantado tão insólita hora. Provo entrou no despacho com passo majestoso e deixou a bolsa sobre a mesa com um gesto que Phoebe interpretou como desdenhoso. Depois se voltou para ela, à camisola oscilando em torno de seus tornozelos. —Feche a porta. Não há motivo algum para que ninguém mais veja a vela acessa. Phoebe fechou a porta e apoiou as costas nela. O estúdio de Provo era acolhedor, o fogo da chaminé ardia vivo e brilhante, mas o olhar do marquês não evidenciava cordialidade enquanto observava Phoebe guardando um severo silêncio. Provo se voltou para a bolsa. —Bem - disse para começar em tom familiar—, as ...

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