Livro: A Noiva Acidental Página 3

... range se mostrava generoso. As munições que oferecia para abastecer ao sitiado e empobrecido rei da Inglaterra contribuiriam em grande medida para compensar a diferença de forças entre o New Model Army do Cromwell e os Cavaliers. —Sua majestade não regulará sua gratidão - disse Brian lentamente. Colocou a mão em seu bolso também em busca de uma carta. Esta levava o selo do Carlos da Inglaterra. Seu interlocutor tomou e examinou o selo. Tinham-lhe explicado o que devia procurar; em efeito, era sem dúvida a insígnia real. Guardou o documento no casaco e bebeu da jarra. Ao levantar-se, arranhou o piso do chão com a cadeira. Depois pegou as luvas do cinturão. —Ficarão em contato com você para lhes explicar os pormenores da entrega uma vez que o rei tenha lido a carta e consultado com seus conselheiros. O navio zarpará desde o Rótterdam. Devem estar preparado. —dirigiu-se com largas pernadas para a porta e ao sair a fechou de repente. Brian apurou a jarra de cerveja. Assim que tivesse terminado com êxito a missão, retornaria a casa, levando consigo os frutos de suas negociações. Por fim, os autênticos homens poderosos que rodeavam ao rei lhe dariam atenção. E obteria com isso alguma recompensa. Se jogasse bem suas cartas, obteria êxito em seus interesses pessoais com o pretexto de servir à causa do rei. Capítulo 1 Woodstock, Oxford, janeiro de 1646 Lady Phoebe Carlton estava totalmente imóvel, podia escutar inclusive a respiração de sua companheira de quarto. Olivia tinha o sono muito ligeiro e ao menor ruído despertava. E nesta noite Olivia não devia saber o que Phoebe ia fazer. Nunca tiveram segredos uma com a outra, estavam muito unidas como se fossem irmãs, a não ser mais. Entretanto, Phoebe não estava com disposição para permitir que sua mais querida amiga soubesse de suas aventuras. Phoebe levantou a colcha e pôs os pés no chão. Olivia deu uma volta na cama. Phoebe não ...

moveu um músculo. O fogo da chaminé estava quase apagado, e na habitação fazia tanto frio que seu fôlego formava uma pálida nuvem de bafo sobre a tênue luz da consumida vela do suporte. Olivia tinha medo da escuridão e ao deitar-se deixava sempre com uma vela acesa. Olivia recuperou o ritmo da respiração e Phoebe cruzou a estadia nas pontas dos pés até o armário. Tinha-o deixado entreaberto para que depois não chiasse. Agarrou a matinha de roupa e a pequena bolsa e descalça, em silêncio, dirigiu-se à porta. Elevou o fecho e a abriu só o suficiente para poder passar de lado e sair no corredor escuro. Vestiu-se depressa sem tirar a camisola, tremendo. Estava escuro como uma boca de lobo, pois nos candelabros do corredor não havia velas, embora o negrume, a deixasse tranqüila, se não podia ver ninguém, ninguém podia vê-la. A casa estava em silêncio salvo pelos habituais rangidos da velha estrutura de madeira, ficou com as meias de lã com as botas e a bolsa na mão, percorreu sigilosamente o corredor até a ampla escada que conduzia a grande sala de baixo. Esta se achava também às escuras, iluminada tão somente pelos rescaldos que ainda brilhavam na enorme chaminé do outro lado. As grandes vigas do teto constituíam uma sombria e opressiva presença sobre sua cabeça enquanto baixava as escadas com os pés embutidos nas meias. Estava fazendo algo mau, desatinado, mas não tinha outra opção. Há venderam em matrimônio, igual a um porco de primeira classe na feira, a um homem que não tinha interesse algum por ela, a não ser como uma vaca de cria. Phoebe fez uma careta ao pensar nisso, embora certamente suas metáforas lhe parecessem precisas descrições de sua situação. Não viviam na Idade Média. Era inadmissível impor a alguém um matrimônio não desejado; e se ela não tomasse uma ação drástica, isso era precisamente o que aconteceria. Seu pai não queria advir-se a razões, só tinha em conta seu próprio benefíci ...

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