Livro: Uma visita inesperada Página 3

... old, mas quando as portas se abriram, não foi ele que apareceu e deu o primeiro passo para dentro de casa. Várias pessoas entraram de uma vez, tremendo e batendo os pés por causa do frio. Na frente de todos havia uma figura esbelta envolta numa pelerine volumosa, mais comprida atrás, que revelava um ruge-ruge de saias. Não era um homem, mas sim uma mulher, concluiu Campion, e os criados ficaram surpresos. Enquanto permaneceram lá parados, ela jogou para trás o capuz e uma massa de cachos negros se espalhou pelo manto verde salpicado de neve. — Ainda bem que ela tem cabelos escuros — murmurou Wilda. Campion disfarçou sua surpresa e deu um passo à frente. Apesar de não acreditar que a cor dos cabelos dos convidados fizesse diferença no transcorrer das festividades, ele ficou admirado em ver que uma mulher tinha se arriscado num tempo tão ruim e, ainda por cima, na véspera do Natal. — Pai, gostaria de lhe apresentar Lady Warwick, que procura abrigo por causa da nevasca — apresentou Reynold. — Lady — cumprimentou o conde com um gesto da cabeça. — Sou Campion. Seja bem-vinda à minha casa. Por favor, sente-se e descanse de sua jornada. Um leve gesto do rosto pálido fez Campion empurrar sua própria cadeira em direção à lareira. Ela sentou e ele ficou de pé ao lado, observando as outras pessoas do grupo. Havia outra mulher, não tão bem vestida, que talvez fosse uma aia, muitos mestres-de-armas e um monte de criados. Não havia nenhum outro homem e Campion imaginou se alguma tragédia era responsável por sua ausência. Seus criados recolheram os casacos e trouxeram cobertas para o grupo, que se aproximou do fogo. Campion concentrou sua atenção na líder do grupo. A massa de cabelos chamava a atenção porque só as jovens recém-casadas os deixavam tão compridos. E mesmo molhados, os cachos negros eram tão encorpados e brilhantes que Campion sentiu-se tentado a tocá-los. Reprimindo o estranho impulso, ele viu que a cabeleira ...

e espalhava sobre um ombro fino. Continuando seu exame, ele desceu os olhos e se surpreendeu quando viu a senhora tirando as botas. Certamente estavam molhadas e deixando-a com mais frio, mas Campion ficou momentaneamente surpreso. Era melhor ela tirá-las num lugar reservado, e ele se adiantou para lhe oferecer um aposento para que fizesse isso. Mas não conseguiu dizer uma só palavra quando as mãos delicadas tiraram as meias ocultas pela bainha da saia. Campion viu um pedaço da pele branca, a curva de um belo tornozelo e um pé delicado. Ele lançou um olhar rápido para as costas de Wilda. Sentiu-se aliviado porque a mulher supersticiosa não viu os dedos de Lady Warwick, pois se acreditava que não era bom uma pessoa descalça perto do fogo na época do Natal. Talvez porque a visão fosse tão estranha, pensou Campion tentando se recompor. Já passara muito tempo desde que ele recebera uma mulher que não era da família, por isso talvez ele estivesse desatualizado sobre os hábitos atuais. As circunstâncias exigiam ação imediata, pois o resto do grupo poderia estar congelado também. Ele é que precisava ser censurado. Não tinha motivos para ficar ali parado olhando ou para o calor que o invadiu quando viu um pedacinho da pele nua. Já estava velho demais para tanta bobagem! — Preparamos um aposento para a senhora, milady — disse ele, pigarreando. Ele deu uma outra espiadela na convidada, mas os pés já estavam escondidos debaixo das saias. Ela aceitou uma taça de vinho quente das mãos de um criado. — Obrigada, milorde. Devo admitir que uma cama quente será reconfortante. A declaração foi em tom sério e não revelava inflexões sutis, então por que ele invocou visões de lençóis aquecidos por seu próprio corpo? Campion afastou o olhar. Talvez ele tivesse passado muito tempo na companhia do atrevido de seu filho Stephen ultimamente. E onde estaria Stephen? Esquentando alguma cama, sem dúvida. Ele não ensinara os filhos a viver co ...

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