Livro: O Amor Mora ao Lado - Kasey Adams Página 2

... confinado a uma sala, dois quartos e uma cozinha. — Se está pensando que me fará correr atrás de você, mocinho, está enganado! Vou entrar agora. — Melinda depositou o cesto sobre uma cadeira de vime, apoiou as mãos na cintura e fez uma pausa, antes de gritar um ultimato. O cãozinho, muito esperto e senhor de si, fingiu não ter escutado. Melinda cogitou ir buscá-lo e trazê-lo no colo, mas preferiu desistir. Charlie havia sido ensinado a nunca se afastar da casa. Ele gostava de correr pelo gramado e se esconder pelas trilhas sinuosas e emaranhadas pelas plantas que cresciam desordenadas, mas, assim que sentia cheiro de comida no fogão, não demorava a arranhar a porta da cozinha pedindo para entrar. Melinda havia acabado de pegar o cesto e se preparava para entrar quando um ruído característico de um cortador de grama anunciou a aproximação do vizinho do outro lado da sebe. O motor estava falhando. Ela se colocou nas pontas dos pés para tentar enxergar por cima dos arbustos, mas não conseguiu ver nada. Ouvira boatos de que o herdeiro da casa vizinha, que estivera fechada durante longos anos, fora visto pela cidade. Sua avó deveria ter repetido mais de mil vezes, quando ela ainda era pequena, para que evitasse contacto com membros da família Stephenson. Nunca questionara essa ordem, mas sempre se sentira curiosa para descobrir o motivo dessa animosidade. Que mistério, afinal, havia por trás daquele silêncio? Da recusa de sua avó em lhe contar o segredo que envolvia as duas famílias? Ansiosa, como se a curiosidade tivesse atingido o último nível de tolerância, Melinda cogitou subir no telhado para, ao menos, descobrir se o inimigo de sua avó era feio ou bonito. O cortador de grama voltou a funcionar. Mas, um minuto depois, a máquina tornou a falhar e deu um forte estouro. Charlie apareceu do meio das plantas e correu para ela ganindo por causa do susto. Ela o pegou no colo e acalmou-o. Enquanto afagava suas orelhas, não resisti ...

a fazer uma observação. — Belo cão de guarda você é! — Charlie olhou para ela com tanta gratidão que ganhou um abraço de aconchego. Na propriedade vizinha o problema continuava. Não com a máquina dessa vez, mas com seu operador que parecia ter perdido a paciência. Melinda não se conteve. Talvez pudesse oferecer ajuda, em vez de ficar tecendo conjecturas de braços cruzados. Com Charlie no colo, desceu os degraus e se encaminhou para o trecho menos denso da cerca viva. Pretendia chamar o vizinho e perguntar se ele estava bem. Mas, à medida que se aproximava do local, repensou sua disposição ao ouvir uma seqüência de palavrões. Podia imaginar o vizinho curvado sobre a máquina, nervoso por não conseguir fazê-la funcionar. Não o culpava por isso. Por outro lado, o que poderia fazer realmente a não ser constrangê-lo com sua presença? Talvez devesse aguardar uma melhor oportunidade para conhecê-lo. O homem já estava aborrecido e irritado o suficiente com o cortador de grama para ter de se confrontar com uma testemunha de sua perda de controle. Satisfeita por ter vencido o impulso que provavelmente só lhe acarretaria dissabores, Melinda rumou de volta para casa. Sua intervenção teria causado problemas não apenas ao vizinho, mas principalmente a ela própria. A avó não a perdoaria se soubesse de sua intenção. Nunca tivera coragem para perguntar sobre o motivo da contenda entre as duas famílias, mas, cada vez que o assunto era mencionado, suspeitava da verdade devido à tristeza que lia nos olhos da mulher que a criara. Sua avó era a criatura mais maravilhosa que existia sobre a face da Terra, e ela jamais lhe causaria um desgosto. Porque, se havia uma razão para a velha e querida Emmaline querer ignorar as idas e vindas da família ao lado, sua neta a respeitaria. Kyle Stephenson enxugou o suor do rosto com uma tira de pano e amarrou-a, em seguida, ao redor da testa. O calor o fez lembrar de que deveria estar em uma praia do ...

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