Livro: Vitória amarga Página 2

... de um homem, e classificá-las! . principalmente àquelas horas da manhã. Em vez de ficar a admirar o que tinha diante dos olhos, devia pensar no que pretenderia aquele homem. Enquanto Cheska o observava, ele moveu a cabeça de um lado para outro, como se estivesse a estudar a mansão a partir de ângulos diferentes. Depois pegou num binóculo. O coração da rapariga começou a ace- lerar. Oh, Deus, estava frente a um ladrão que inspeccionava a casa antes de a roubar, o que arrasaria o património da família! Um ladrão profissional, pensou alarmada. Tirou um bloco do bolso e começou a tomar notas. com passo rápido, Cheska escondeu-se atrás de uma árvore frondosa. Engoliu em seco. Que devia fazer? O instinto dizia-lhe para se escapulir sem fazer ruído, antes que o homem a descobrisse . o que não lhe seria muito difícil, pois o bandido estava totalmente absorvido pelo seu trabalho. Franziu o cenho. Aquela retirada rápida implicava não poder fazer uma descrição detalhada à polícia . a menos que, emocionada com aquele encantador traseiro, se dedicasse a elogiá-lo em frases exaltadas, pensou Cheska. Talvez fosse um vilão conhecido do meio policial, se o identificasse, poderiam persegui-lo .e apanhá-lo. Por isso, antes de fugir, contornaria o lago para observá-lo com cautela. Depois de se certificar que o ladrão continuava no seu lugar, a jovem avançou passo a passo. com um salto, escondeu-se num arbusto, depois atrás de outro e outro . O assaltante continuava a tomar notas. com mais dois saltos e podia vigiá-lo a partir de um chorão, mas naquele momento, o malfeitor pegou na sua máquina fotográfica. Quando o homem se mexeu, Cheska ficou petrificada. As pupilas cinzentas da rapariga dilataram-se exageradamente. A mudança de horário devia-lhe estar a provocar tonturas, pois ao olhar rapidamente para aquele perfil forte, anguloso, foi levada a pensar que . "Não, não podia ser!", gemeu em sinal de protesto. "Claro que é!", insis ...

iram os seus olhos e o seu senso comum. Reconheceu de imediato o nariz e o maxilar, mesmo depois de cinco anos sem o ver. No instante em que aquele homem se inclinou de novo, agora para ajustar a lente da máquina, confirmaram-se os piores receios de Cheska. Bateu com a mão na testa. Nunca esperaria encontrar-se de novo Lawson Giordano, o genial director de anúncios de televisão e, muito menos, naquela zona rural de Sussex, ao nascer do sol num dia de Verão. Contemplou a sua figura. Como tinha chegado até ali, perguntou-se frenética. Que pretendia? ficou irritada consigo mesma por causa da sua curiosidade. Não importavam as actividades daquele homem, o que era importante é que Lawson Giordano não a visse. Por isso decidiu arrastar-se rapidamente pelos arbustos, para se escapar sem que fosse detectada a sua presença. Enquanto o realizador ajustava a lente, ela deu um passo sem ver onde punha o pé, virou-se e sentiu que a sandália lhe estava a sair do pé. Perdeu o equilíbrio. - Oh! - guinchou, agitando os braços e as pernas, escorregando pelo solo molhado até cair na água verde e escura. Na margem, Lawson Giordano olhou para ela, espavorido. Levantou-se num pulo. - Francesca Rider? - perguntou atónito. Durante um ou dois segundos olhou para ela de boca aberta, depois começou a rir. Cheska fulminou-o com o olhar enquanto uma É madeixa de cabelo castanho lhe caía sobre os olhos, i Uma Primavera e um Verão secos, tinham reduzido i o nível da água, de tal modo que esta só lhe chegava às coxas, batendo ao de leve na bainha dos seus calções. Por essa razão e sabe-se lá porque milagre, conseguiu manter-se de pé, não se aleijando. Desviou o cabelo da testa. Está bem, pensou irritada, queda precipitada parecer cómica, mas não tinha piada nenhuma que o homem que um dia a tinha condenado para se aproveitar disso em benefício próprio, se divertisse à sua custa. Cheska cruzou os braços. - Não teve piada - disse com voz fria. Ape ...

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