Livro: Um toque de cupido Página 2

... u faria tal coisa, se não tenho nenhuma intenção de me casar com você ou com qualquer outra jovem? Não importa o quanto tia Felicity deseje me ver casado. — Mas ela não deseja… Essa é a questão — Ivy Greenwood lançou um olhar ao redor do laboratório que ele improvisara no quarto de hóspedes da casa de cidade da tia. Talvez estivesse pensando que ele precisasse de uma esposa para impor um pouco de ordem naquela desordem científica. — Posso lhe assegurar que não tenho a menor intenção de mudar seu estado civil, senhor. Deixe-me explicar melhor. Meu irmão e minha irmã me entendem tão bem que adquiri o lamentável hábito de abordar um assunto pelo meio e esperar que as outras pessoas me sigam. Uma sonora gargalhada fez os brilhantes cachos de cabelos da srta. Greenwood, que pendiam sob um chapéu, sacudirem de modo encantador. A cor dos fios sedosos o fazia lembrar de uma fusão de cobre e ouro calcinada recentemente. — Por favor, sente-se enquanto explica — ao retirar uma pilha de livros e documentos da poltrona mais próxima, Oliver desejou saber por que o fato da proposta da srta. Greenwood não ter nada a ver com o estado civil dele não lhe provocou uma imediata onda de alívio. — Obrigada, Sr. Armitage — ela lançou um olhar bastante duvidoso ao assento bordado da cadeira, antes de se acomodar. — Agora, vejamos… vamos começar do início. Eu não queria voltar tanto, ou levará décadas para lhe contar e não temos muito tempo. — Talvez fosse melhor se esclarecesse os pontos sobre os quais estou confuso — Oliver contornou a escrivaninha e voltou a se acomodar na cadeira, desejando saber tardiamente se sua larga gravata podia ter ficado manchada com o resíduo de sais minerais. — Quer que eu fuja com você, mas não para nos casarmos. É um pouco contraditório, tem que admitir. E o que têm tia Felicity e seu irmão a ver com nossa fuga? — É isso mesmo! — um belo sorriso iluminou as feições delicadas de Iv ...

Greenwood. Por um intoxicante momento ela o contemplou com um olhar de deslumbre e admiração, como se ele tivesse desvendado o segredo do universo para ela. — Espero que saiba que sua tia e meu irmão têm se encontrado nos últimos dois meses. O choque de ouvi-la tocar tão casualmente em assuntos tão íntimos e escandalosos fez os lábios de Oliver se abrirem e fecharem rapidamente sem dizer uma palavra sequer. A srta. Greenwood ignorou sua imitação de peixe encalhado. — Jamais vi meu irmão tão feliz como ultimamente. E ao vê-los juntos, me convenci de que sua tia nutre os mesmos sentimentos em relação a ele. Oliver concordou com um aceno de cabeça. Embora não fosse dotado da faculdade de perceber as emoções humanas com tanta facilidade quanto Ivy Greenwood parecia ser, também notara uma súbita mudança em tia Felicity. Era como se os 12 anos de diferença de idade entre eles tivessem diminuído, fazendo-o sentir-se o mais velho dos dois. Por essa razão, Oliver sentia uma admiração por Hawthorn Greenwood como sentira por poucos homens na vida, incluindo o seu próprio tio Percy, o primeiro marido de lady Lyte. — Se eu e você somos capazes de perceber isso, como Thorn e sua tia podem ser tão cegos? — exigiu a srta. Greenwood. — Está me deixando confuso novamente — Oliver esforçou-se para concentrar a mente cansada no que Ivy estava dizendo, em vez de prestar atenção no modo como os olhos dela brilhavam ou na maneira como ela mexia a cabeça de um lado para o outro, enquanto falava, como um pequeno pássaro encantador. — Por que pensa que eles são cegos? — Porque… — a jovem explicou com a paciência exagerada de uma professora que ensina um aluno particularmente atrasado. — Ela terminou tudo com o pobre Thorn ontem. — Oh, meu Deus! — Oh, meu Deus, mesmo — a voz de Ivy Greenwood soou veemente. — Sem uma palavra de advertência ou explicação. Thorn está perambulando por aí em choque, como se tivess ...

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