Livro: Vesperal
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Autor - Fonte: COELHO NETTO
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...
COELHO NETTO
Editora—a Livraria Leite Ribeiro
Ruas-Béthencourt da Silva, 15-17-19
e Treze de Maio, 74-76
— RIO DE JANEIRO —
1922
VESPERAL
COELHO NETTO
Grande
Livraria Editora LEITE RIBEIRO
Ruas—Bifhencourt da Silva, 13, 17 e 19
e 13 de Maio, 74 e 76
Rio de Jaeiro
1922
Meu amigo,
A LUIZ DE REZENDE
não submetta esta collectanea miuda á lente
com que examina gemas, nem ao mordente
com que ,na coticula, aauilata o ouro: aceitea
como lembrança de amizade, pequena, mas
toda do coração do seu
Coelho Neto
Rio
Natal de 1921
Entre o dia e a noite ha um êxtase. O sol detem-se um
instante no limiar do occaso para olhar o mundo pela
derradeira vez. Contempla-o e some-se. Acompanham-no,
em cortejo melancólico, as mesmas nuvens que,
alegremente, o precedem ao romper d\'alva. De manhan
sahem contentes como ovelhas que se precipitam álacres
mal o pastor abre o redil; á tarde recolhem-se saudosas,
cem pena de deixar o ceu.
O\'dia apaga-se. E uma pagina que se volta para todo o
sempre no livro que se não relê.
O que nos fica. de cór é a lembrança, fixada na
saudade.
O sol faz o seu giro e reapparece na manhan
seguinte com o mesmo calor e o mesmo brilho ; nós
acordamos diminuídos, porque, deixamos na vespera
alguma coisa que nunca mais encontraremos.
Recordar é viver de esmolas, apanhando restos aqui,
ali. E\' o que fazemos, pobres de nós! batendo humildemente
á porta da casa da Memória, que é a guardadora das
ceifas.
Este livro é feito com apanhaduras respigadas d
pressa aos últimos raios do sol da mocidade.
Começa a escurecer. D\'ora avante, sem sol,
trabalharei á luz da lâmpada.
Vesperal, livro crepuscular, ultimas fantasias.
Que saudade da luz e das minhas illusões !
O sol lá anda pelos antipodas, sinto-lhe ainda o
calor, mas a sua claridade. essa não a verei mais, nunca
mais !
Julho, 1922.
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O Riso e a Lagrima
— Eu sou a Lagrima.
— Que fazes ?
— Carrêo as maguas do coração para
...
o
abysmo do esquecimento. Sou como um rio
a correr para o mar levando folhas mortas. E
tu?
— Eu sou o Riso.
— Que fazes ?
— Illumino a Vida.
— E\'s a Morte. A tua lâmpada é a caveira
onde ficas perenne. Eu sou a Vida.
— Porque ?
— Porque, sendo ephemera, brilho e
passo. A caveira não chora porque não ha
dor na Morte.
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COELHO NETTO
— Sendo assim o Riso é eterno porque
se conserva desabrochado dentro mesmo do
túmulo.
— Eterno como a illusão, jardim que não
existe, onde, entretanto, todos vão colher a
Esperança.
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A filha da Verdade
Com as azas do pétaso e as do calcaneo
ainda fremindo Hermes entrou no Zodíaco,
adiantando-se, de rompante, até a presença
de Zeus. O seu corpo, airoso e ágil, exhalava
um aroma agreste de sílvedos que despertou
nos deuses saudades da terra.
Graves notícias devia levar o alado mensageiro
para que tão desabridamente irrompesse
na divina assembléia, alvoroçando as
pombas meigas de Aphrodite e fazendo esvoaçar
aos gritos, espavorido, o pavão de
Hera veneravel.
Ao ve-lo em tamanha arrancada, com a
physionomia descomposta e arquejando, Zeus,
sempre sereno e magnífico, contendo a aguia,
que se arrufára, estalando o bico e batendo
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COELHO NETTO
as azas em menção hostil, interrogou-o com
palavras harmoniosas :
— Porque vens tão d\'impeto que nem
sacudiste a poeira das abarcas ? Terão, por
acaso, os gigantes tentado de novo a escalada
do Olympo? Terá Poseidon, sublevador das
vagas, perdido o domínio dos mares ou os
fogos de Hephaistos romperam das profundezas
queimando as searas e as vinhas,
que são a alegria e a fortuna dos homens?
— A tua ironia sorri na sublimidade da
tua força, ó Zeus! Nada do que dizes poderia
dar-se sem tua sciencia, porque tu és a Ordem
e governas serena e inexoravelmente os
deuses e os homens. O que aqui me traz,
magnânimo, e com urgência que não consente
demora, é o perigo em que se acha uma das
tuas fil ...
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