Livro: Um estranho em meus braços Página 2

... Aproxime-se. | O visitante deu um passo em direção a ela e parou. — Sinto muito. Não sou Rick. Meu nome é Blaise Strathern. Sou irmão de Rick por parte de pai. Mabel reagiu, dando a impressão de que havia ficado profunda¬mente chocada. O sorriso desapareceu de seu rosto e ela empalideceu, encolhendo-se na cadeira. — Você não é Rick? Não sabia que ele tinha um irmão. — Não é de surpreender que ele não tenha falado a meu respeito. Para dizer a verdade, nós nunca nos demos muito bem. — Sua voz é muito parecida com a dele. — É, mas não sou Rick. — Como é mesmo seu nome? — Blaise. — É um nome francês? — Sim. Minha mãe era francesa. Havia algo em sua voz que interditava outras perguntas. — Bridget, quem sabe o Sr. Strathern gostaria de beber algo? — Um uísque com soda, por favor. — Pois não, senhor. Mabel, o que você quer, meu bem? — Um pouco de vinho do Porto, Bridget. A velha criada saiu da sala e um silêncio constrangedor se fez entre eles. Mabel tinha dezenas de perguntas a fazer, mas não ousava formu¬lá-las, e Blaise Strathern contentava-se em permanecer em silêncio. — Mora na costa oeste, Sr. Strathern? — Não, no momento trabalho em Quebec. O silêncio retornou. Mabel mordeu o lábio e voltou a cabeça em direção à porta, ao ouvir os passos de Bridget, que se aproximava. — Aqui está seu drinque, senhor. Colocarei sua bebida na mesinha ao lado, Mabel. — Obrigada, Bridget. Mabel pegou com muito cuidado o frágil copo de cristal e levantou-o, em um brinde. — Desejo-lhe uma feliz estada aqui na costa oeste, Sr. Strathern. — Ouça, antes de mais nada, vamos deixar de lado essa história de \\"Sr. Strathern\\". Tenho certeza de que esse nome evoca para você acontecimentos muito penosos e não tem a menor necessidade de recor¬dá-los a cada vez que se dirige a mim. Em segundo lugar, vamos deixar de lado os assuntos triviais, para ir direto ao que interessa. A força e a ...

ousadia da personalidade dele tiveram sobre Mabel o efeito de um balde de água fria. — Ao que interessa? Mas a que está se referindo? — Você já deve ter percebido que não vim até aqui para uma simples visita. — Mas, então, por que veio? Rick. . . Algo aconteceu com Rick! — Rick, minha cara, está ótimo, como sempre esteve e sempre estará. Ainda se preocupa com ele, não é mesmo? — Eu. Afinal de contas, fomos noivos. — Sim, foram. E após o desastre, pelo qual ele, aliás, foi respon¬sável, Rick simplesmente a arquivou, não é mesmo? Aquela pergunta brutal ficou sem resposta. Mabel tentou alcançar o copo. Seus olhos muito verdes fitavam o espaço. Tremia com tamanha violência que o copo desprendeu-se de suas mãos, espatifando-se no chão. — Vivo fazendo isso. . . — É porque você é cega — ele disse, com brutalidade. — Foi isto o que meu precioso irmão fez com você, não? Devido a seu descuido criminoso, ele foi o culpado do acidente de automóvel que a cegou. Depois disso, não teve coragem suficiente para lhe fazer companhia. — Como você o odeia! — exclamou ela, assustada com o tom selvagem com que ele se exprimia. — Você deveria fazer o mesmo. No entanto, se eu fosse Rick, ter-me-ia recebido de braços abertos, não é mesmo? — Não! — Diga a verdade, Mabel. Lembre-se de que vi sua reação. — Talvez. Mas você não é Rick e, portanto, nada disso lhe diz respeito. — Aí é que você se engana. — Mas o que o leva a agir assim? — Seus interesses. — O que você está me dizendo é muito obscuro. Não significo nada para você, Blaise. — Talvez ainda não, mas passará a significar. — Está me ameaçando? — Se você quiser interpretar dessa maneira. — Olhe, há uma hora nem sabia que você existia e ainda não sei por que veio me procurar. Uma coisa, porém, ficou clara para mim: não gosto de você. Jamais, em toda a minha vida, encontrei alguém tão grosseiro e dominador! ...

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