Livro: Um estranho em meus braços
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... Sight of a Stranger Sandra Field Na hora do acidente, Mabel pensou que fosse morrer. Mas depois viu que o destino tinha sido ainda mais cruel com ela: não estava morta, mas estava cega. E Rick, o noivo que jurava amá-la, não queria mais saber dela. Agora só lhe restava passar o resto dos dias imersa numa tristeza sem fim, relembrando o passado e temendo o futuro triste e vazio. Sua vida seria sempre assim? Não, decidiu Blaise Strathern, irmão de Rick, quando tomou conhecimento de toda a história; aquela moça merecia uma outra chance. E Mabel se agar¬rou com unhas e dentes à remota possibilida¬de com que Blaise lhe acenava de voltar a en¬xergar, voltar a ser uma pessoa normal e, quem sabe, voltar até a amar! Digitalização: Vicky Revisão: Carla Copyright: Sandra Field Título original: \\"Sight of a Stranger\\" Publicado originalmente em 1981 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: Diogo Borges Copyright para a língua portuguesa: 1983 Abril S.A. Cultural e Industrial — São Paulo Esta obra foi integralmente composta e impressa na Divisão Gráfica da Abril S.A. Foto da capa: Blumebild CAPÍTULO I O dia em que ele chegou era um dia como outro qualquer; Mabel não tinha nenhuma premonição de que algo iria mudar, e sua intuição não lhe revelava que, daí por diante, a vida nunca mais voltaria a ser a mesma. Chovera durante a maior parte do dia. Era uma chuvinha miúda e persistente, que tornara os gramados ainda mais verdejantes. Ela sabia que as gotas deviam estar se acumulando nas corolas escarlates das tulipas. Certa vez, quando menina, tentara beber água de uma daquelas tulipas e descobrira uma formiga afogada. Ao recordar esse fato, sorriu ligeiramente. Cuspira a água e sua mãe, horrorizada, reprovara seus modos. Tinha a sensação de que aquilo havia aconte¬cido há muito, muito tempo. . . Trocou de posição na cadeira em que estava sentada. Agora passava um tempo ...

excessivo recordando o passado, mas o que mais havia para fazer? Cerrou os olhos e tentou controlar aquele desespero sufo¬cante que parecia rodeá-la, à espera de que ela desse demonstração de fraqueza para apoderar-se de sua pessoa. Foi então que ouviu o barulho de um automóvel parando em frente à casa. Sua audição se desenvolvera bastante durante os últimos meses e percebeu logo, pelo modo como o motor se comportava, que se tratava de um carro de luxo. Uma porta se fechou, passos atravessaram a alameda forrada de pedregulhos e subiram os degraus da frente. Mabel tinha certeza de que eram passos masculinos, de um homem muito seguro e pleno de confiança em si mesmo. Certamente não era o Dr. Snider, o médico da família, ou o coronel Fawcett, parceiro de sua mãe no jogo de bridge. A campainha da frente tocou e sua imaginação supersensível detectou naquele toque impaciência e autoridade. Ouviu Bridget atravessar o hall e abrir a porta. — Boa tarde. Era uma voz masculina e grave, cujo timbre fez Mabel estremecer, pois a reconhecera. — Sabe me dizer se a Srta. Hart encontra-se em casa? — Sim, senhor. Venha por aqui, por favor. Aquela voz ecoou no íntimo de Mabel. Era Rick! Decorridos todos aqueles meses, voltava para ela, para o lugar ao qual pertencia. Por mais ridículo que parecesse, só conseguiu pensar no fato de não ter lavado os cabelos. Além disso, o vestido que usava era velho. Sua mãe o havia escolhido para ela, mesmo sabendo que Mabel não gostava dele. — Menina, você voltou a sentar-se no escuro — repreendeu-a afetuosamente Bridget, acendendo a luz. O visitante percorreu a sala com o olhar. O mobiliário pesado e antigo combinava com o austero tapete persa, enquanto da parede pendiam retratos a óleo, de antepassados de ar severo e imponente. Mabel se endireitara na cadeira e o encarava com ansiedade. — Ricky, é você? Não sabe o quanto desejei sua volta! — Sorriu e seu rosto resplandescia de alegria. — ...

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