Livro: Aprendendo a amar - Marie Ferrarella Página 2

... uco tempo livre. Era um tipo bastante sonhador, ela pensou. E, sem dúvida nenhuma, a idéia de passar o resto da vida servindo mesas não passava pela cabeça de Guy. Mas ninguém se importava com os sonhos de Demétria. — Ora, não seja ranzinza, irmãzinha. Os lábios do tenente Augustus Octavian Tripopulous curvaram-se num sorriso tolerante, ao mesmo tempo em que ele encostava o ombro contra o batente da porta. Daquele escritório, a família Tripopulous administrava o estabelecimento havia três gerações. Primeiro fora o avô deles, em seguida, seu pai. Agora essa função fora repassada a Demétria, para grande alívio do irmão. Guy podia notar que Demétria estava zangada, e tentava imaginar qual poderia ser o motivo. Entretanto, não ousaria perguntar. Sabia muito bem que Demétria detestava ser questionada, e não estava disposto a discutir. Foi por isso que ele limitou-se a murmurar: — Você reclama tanto da vida que às vezes chego a tentar adivinhar qual é seu problema. Demétria passou pelo irmão, ainda pensando na mensagem que recebera. Quem Winfield pensava que era para tentar colocá-la para fora de seu próprio restaurante? — Por que não pára de me aborrecer, Guy? — protestou, caminhando pelo corredor que levava à cozinha para ver se todos os preparativos para o jantar haviam sido providenciados. — Parei apenas para pegar uma dessas. — Guy estendeu o braço e apanhou um dos pequenos pãezinhos quentes, passando-o de uma mão à outra até que esfriasse. Sempre tivera uma fraqueza por baklavas, desde a infância. — E também para uma conversa amigável, minha irmã. Demétria meneou a cabeça. Como Guy podia comer algo tão quente? A língua dele já não devia ter mais nenhuma sensibilidade. Observou a reação de Guy com atenção. Sem dúvida, o quitute estava delicioso, a julgar pela expressão do irmão. Guy fechou os olhos, saboreando com prazer a iguaria, e suspirou de contentamento. — Graças a Deus a comi ...

a é mais suave do que você. — Enquanto falava, Guy continuou a segui-la na direção da sala de refeições. — Mas, mudando de assunto, preciso muito falar com Andreas. Ele está por aqui? A pergunta era retórica. Demétria tentou imaginar por que o irmão se incomodara em fazê-la. O avô deles, afinal de contas, estava no lugar onde passara cada tarde nos últimos quinze anos. — A mesa do fundo, concentrando-se no próximo lance. Demétria nem se incomodou em explicar. Guy sabia que o avô jamais dispensava um jogo de xadrez com o amigo Alex. — Será que fizeram algum progresso? — A pergunta de Guy foi acompanhada de um sorriso franco. Demétria deixou escapar uma risada. — Faz tanto tempo que nenhum dos dois mexe nas peças que elas já devam estar juntando poeira. — Dessa vez, Demétria gesticulou para o local onde se viam os dois anciãos. — Olhe só para eles. Parece que estão sentados ali desde que nasceram. Guy não podia mais suportar a tensão no rosto da irmã, e sabia que, decerto, Demétria jamais lhe diria nada, por isso resolveu apanhá-la de surpresa. — Você parece mais nervosa do que o habitual, Demi. Algo errado? Por um instante, ela pensou em dizer que sim, e por isso Guy devia se ocupar mais com o estabelecimento. Mas não era nisso que seu irmão estava interessado. Na verdade, Guy se preocupava de verdade com ela. O pensamento a fez sentir-se culpada e Demétria livrou-se da sensação de desconforto dando os ombros e suspirando. — Ao que parece, estamos na mira da Companhia Winfield. Cruzando os braços, Guy encarou-a, arqueando as sobrancelhas. — A cadeia de restaurantes? Por que motivo a maior empresa local estaria interessada no Parthenon, que não era um sucesso tão grandioso assim? Demétria nunca falava sobre o assunto, mas nos últimos tempos o número de mesas vazias parecia cada vez maior. Claro que não era a primeira vez que os negócios passavam por uma crise, mas agora a situação parecia ...

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