Livro: Uma Noite um Segredo Página 2

... mento tão espetacular, mas sem dúvida não o fizera perder dinheiro. — Tudo bem esta noite, sr. Dupré? — perguntou o porteiro noturno ao abrir a porta. Havia um tom de preocupação em sua voz. Por certo percebera o cansaço nos gestos de Nicolas, que lhe lançou um sorriso simpático. — Tudo muito bem, Mike. Obrigado. O porteiro acenou. — Isso é bom. Nicolas lhe daria uma gorjeta caso Mike aceitasse, mas o empregado só aceitava isso de hóspedes e visitas, nunca de moradores. Nicolas compensava isso sempre lhe dando um cartão com um polpudo cheque no Natal, alegando que ficaria ofendido caso Mike recusasse seu presente de Boas Festas. Suspeitava que Mike dava o dinheiro para alguém que considerava mais necessitado, pois ele era esse tipo de homem. O jovem atrás do balcão da recepção olhou para Nicolas ao vê-lo entrar no vestíbulo. Chad estava no terceiro ano da faculdade de direito e trabalhava à noite para pagar os estudos. Nicolas admirava todos que trabalhavam com afinco e também dera a Chad um generoso presente no último Natal. — Há uma carta para o senhor — anunciou o rapaz. — Carta? Nicolas franziu a testa enquanto se encaminhava até o balcão. Nos últimos tempos, nunca recebia correspondência. Todas as suas contas e extratos bancários eram redirecionados para seu contador. Se alguém desejava contatá-lo pessoalmente o fazia por telefone, mensagem de texto ou e-mail. Chad sorriu. — O carteiro entregou esta tarde, depois que o senhor saiu para o teatro. Confesso que rimos um pouco da carta. Saberá o que quero dizer quando ler o endereço. Assim falando, estendeu para Nicolas um envelope cor-de-rosa brilhante, onde estava escrito: Sr. Nicolas Dupré A/c Broadway Nova York América — Céus — murmurou Nicolas com um sorriso seco. — É bom ser famoso — brincou Chad. — Não sou tão famoso assim. Não nos últimos tempos. Eram os artistas os mais requisitados para entrevistas nos talk shows, não os ...

produtores. Nicolas dera uma entrevista para a televisão havia dois anos, depois que um de seus musicais produzidos recebera indicações para o prêmio Tony, mas nada além disso. — Veio da Austrália — continuou Chad, fazendo o coração de Nicolas falhar uma batida. Algo, um instinto secreto, o alertou para não virar o envelope na mão e ler o nome do remetente. Não até que estivesse sozinho e a salvo de olhares indiscretos. — Parece que é de uma mulher — continuou Chad, sem dúvida louco para saber de quem se tratava. Mas Nicolas não tinha a menor intenção de satisfazer a curiosidade do rapaz e murmurou: — Uma antiga fã, suponho. — Enfiou o envelope no bolso do paletó. — Alguém que não sabe que parei de me apresentar há muitos anos. Obrigado, Chad. Boa noite. — Ah, sim. Boa noite, senhor. Nicolas conseguiu chegar à privacidade de seu apartamento no décimo andar antes que arrancasse o envelope do bolso e lesse o nome do remetente. Porém seu coração deu um salto quando, por fim, fitou o nome. Não era dela. Será que, francamente, esperara que fosse? Será que aguardara para que, finalmente, Serina recobrasse o bom senso e percebesse que não podia viver sem ele? Mas, apesar da frustração inicial, a carta o deixou surpreso e curioso: era da filha de Serina, a criança que, no passado, Nicolas imaginara, por um breve tempo, que podia ser sua, mas que não era. Felicity Harmon nascera dez meses depois da última vez em que dormira com Serina e exatamente nove meses depois do casamento dela com Greg Harmon. Nicolas ainda tinha dificuldade em aceitar o que Serina fizera naquela noite fatídica. Fora cruel da sua parte reaparecer na sua vida e ressuscitar suas esperanças. Levara anos para se recuperar da recusa inicial de Serina em acompanhá-lo para a Inglaterra quando ele tinha apenas 21 anos. Mas por fim ele compreendera e aceitara, ou pensara aceitar, que o amor de Serina pela família em Rocky Creek era mais forte q ...

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