Livro: Dilema de uma Consciência
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... The Snow and the Hills (1974) Mary Wibberley Digitalização: Afrodite Resumo: Depois que o pai morreu, Vanessa resolveu passar sua vida a limpo: procuraria o avô, na Escócia, usando um nome falso e aceitando o emprego que ele oferecia para organizar sua coleção de livros raros. Então ela veria se as coisas horríveis que o pai contava sobre seu avô eram verdadeiras. Vanessa confiava em sua beleza, que fascinava todos os homens, para levar adiante seu plano de vingança. Ela só não contava encontrar, na casa do avô, um convidado especial – o escritor Cal Grayne – um homem esperto e dominador, que desconfiou dela desde o início e atrapalhou seus planos. Ela o odiava! Ao mesmo tempo, sabia que também o amava. Que fazer? Capítulo I Vanessa colocou um tablete de açúcar no café e observou as bolhinhas que subiam. Não era imaginação: os dois rapazes de moto olhavam para ela descaradamente. Estava acostumada a isso, mas agora era um pouco diferente, porque a maneira como olhavam provocava mal-estar. O restaurante era pequeno. Ao lado do balcão, duas garotas conversavam e riam; em um canto, um homem tomava café. Os rapazes haviam terminado seus sanduíches e tomavam uma bebida com lentidão irritante. Vanessa olhou para o homem sentado no canto, que parecia mais interessado no jornal que em qualquer outra coisa. O que poderia dizer a ele? – Quer fazer o favor de dizer àqueles dois rapazes que parem de olhar para mim? – Ele provavelmente pensaria que ela era louca. Mas continuava a sentir-se intranqüila. O próximo trecho de estrada era deserto, de acordo com o mapa. Faltavam quase cinqüenta quilômetros para Deanston House: estradas desertas e quase sem tráfego, antes de chegar a seu destino. O homem levantou os olhos, como se houvesse percebido que ela o observava, lançou um olhar aos dois rapazes e voltou a concentrar-se no jornal. O coração de Vanessa acelerou. Dele não viria qualquer ajuda. Ele devia pensar ...

que ela estava gostando da situação. Os rapazes agora faziam ruídos com os lábios, como quem chama um gato, e riam baixo. O gosto do café parecia horrível. Vanessa levantou-se. Já era tempo de partir, e quanto antes melhor. Sua cabeça doía, em conseqüência da longa viagem desde Perth e da ansiedade quanto ao que encontraria em Deanston House, o lugar desconhecido, quando chegasse. Quanto antes retomasse a viagem, melhor. Pegou a bolsa e o casaco e saiu sem olhar para trás. Fazia frio lá fora e o céu anunciava chuva. As montanhas estavam encobertas pelas nuvens, e tudo era silêncio. As duas motos estavam no estacionamento do restaurante, onde se via também um Jaguar negro, além do carro cinza de Vanessa. Ela entrou, atirou o casaco e a bolsa no assento lateral e ligou a chave. Pensava confusamente que, se partisse antes que os motoqueiros saíssem, estaria tudo bem. Quando o carro chegou à estrada, viu a porta do restaurante abrir-se; os dois ficaram parados no degrau durante alguns instantes, os perfis nitidamente delineados contra o fundo iluminado. Continuavam rindo. Instintivamente, inclinou-se e travou todas as portas. Em seguida, pressionou com força o acelerador e o carro disparou. Correu pela estrada tão depressa quanto pôde, mas foi inútil. Eram potentes aquelas motos cheias de espelhos, de aparência ridícula e exagerada. Rugiam atrás dela e uma sensação de medo a invadiu, ao mesmo tempo que a idéia de castigo pela aventura em que estava se envolvendo deliberadamente tomou conta dos seus pensamentos. Mas este não era o momento para um exame de consciência. Agora precisava seguir em frente e tudo estaria bem. A estrada estendia-se diante dela, fazendo mais à frente uma curva, que Vanessa acompanhou com as mãos úmidas no volante. Não era uma pessoa nervosa, pelo contrário, mas havia alguma coisa no olhar dos dois rapazes, certamente não tinham mais que vinte anos, que a fez sentir-se mal. Subitamente, a lembrança do ...

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