Livro: O Mouro do Algarve
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... Copyright: Penny Jordan Título original: Passionate Relationship Publicado originalmente em 1987 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: Vera Onoruto Copyright para a língua portuguesa: 1989 EDITORA NOVA CULTUTAL LTDA. Av. Brigadeiro Faria de Lima, 2000 – 3º andar CEP 01452 – São Paulo – SP _ Brasil Caixa Postal 2372 CAPITULO I Guiando o velho Citroen de Londres até Portugal, Shelley pro¬curou manter-se dentro dos limites de velocidade. Agora que faltavam somente cinqüenta quilômetros, ela mal podia controlar a tentação de pisar no acelerador. De súbito, sentiu uma profunda tristeza. Se tivesse feito aquela viagem alguns meses antes. Aos vinte e quatro anos, ela não tinha grandes esperanças ou ambições, mas a descoberta da verdade havia sido uma emoção terrível, deixando-a em estado de choque. Já era quase meio-dia; o sol de agosto lançava sombras na es¬trada poeirenta quando atravessou mais um lugarejo. Embora já tivesse várias vezes passado férias no continente, era a sua primeira visita ao Algarve. Tudo estava sendo bem diferente do que es¬perava. Fizera a viagem pelo interior, detendo-se para observar a beleza das pequenas propriedades, com sua videiras e árvores fru¬tíferas, cuidadas por homens curtidos pelas intempéries e por mu¬lheres vestidas de preto. Comera em restaurantes situados em pequenas praças e ficara encantada com o carinho e atenção de todos. O Algarve era uma terra que há muito tempo atrás foi ocupada pelos mouros, que lhe imprimiram o cunho de sua civilização. Da¬li nasceu uma raça de aventureiros do mar que criaram um impé¬rio para si. Pensando sobre o que lera a respeito do país, tentava controlar o nervosismo que sentia. Nervosa, ela? Shelley riu, pensando em como as suas colegas de trabalho ficariam surpresas se a encontrassem naquele momento. Sabia que no trabalho tinha a reputação de ser fria e decidida. Controlada e retraída demais aos olhos de muitos ...

Uma das pro¬fessoras da universidade uma vez lhe dissera que ela tinha medo de se relacionar com as pessoas e estava sempre prevenida contra elas. Após a formatura, escolhera deliberadamente uma grande organização, ao invés de uma firma pequena, desejando o anonimato que um lugar assim poderia lhe proporcionar; necessitava disso para preservar o sistema de defesa que criara para si. Progredira com rapidez e fora promovida a chefe do departa¬mento responsável por todos os contatos da companhia no exterior. Já viajara a negócios para a Austrália, Estados Unidos e até mesmo para o Extremo Oriente; contudo, nenhuma dessas viagens lhe proporcionou um décimo do estado de excitação e ansiedade que sentia agora. Mas também essa viagem era diferente. Era uma via¬gem ao passado, para encontrar a família que, há quatro semanas atrás, nem sabia possuir. Mesmo naquele momento, mal podia acreditar na frágil cadeia de coincidências que a trouxera até ali. Se não tivesse recusado o convite de Warren Fielding, e decidido passar o domingo na sala de leitura do museu local, não teria visto o anúncio, e nunca sabe¬ria a verdade. Através dos anos, vários homens tinham demonstrado interesse por ela, embora não pudesse compreendê-los direito. Sentia-se tão desinteressante e comum. Era alta, possuía cabelos castanhos e fartos, com reflexos acobreados. Sua pele clara e os olhos esverdeados imprimiam-lhe, porém, uma rara beleza. Como desde cedo se convencera de que nenhum homem gos¬taria de se casar com ela, também não sentia necessidade de im¬pressionar o sexo oposto. Assim sendo, escolhia suas roupas e maquiava-se de acordo com suas necessidades; jamais para agradá-los. Shelley não entendia como alguns homens pareciam achar a sua indiferença um desafio. Warren Fielding era um dos mais persis¬tentes. Era americano e cada vez que vinha a Londres a procurava, e ela descobrira que a melhor defesa contra os convites insistentes era simplesmente nu ...

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